PMDB: Crise vai até sexta-feira

Paulo Santos

O deputado Gervázio Maia anunciou nesta terça-feira (27) que o PMDB vai se reunir novamente na próxima sexta-feira (30) para tentar chegar a um consenso na formação da Executiva Estadual. Duas oportunidades já foram desperdiçadas e continua o impasse que poderia resultar num confronto radical. É difícil que os peemedebistas cheguem à “fratura exposta”.

Muito se tem falado sobre a crise interna do PMDB e pouco se tem dito sobre os reais motivos pelos quais há o confronto pelo controle da legenda em nível estadual. Maranhão, que tem o apoio da direção nacional, não quer perder o poder majestático que acumula desde o confronto com o clã Cunha Lima e que, desde 1998, o fez ser protagonista de várias batalhas, nem sempre com sucesso, diga-se de passagem.

Essa crise atual, como não poderia deixar de ser, tem motivação diferente daquela de 14 anos atrás quando os exércitos de Ronaldo Cunha Lima e de José Maranhão se lançaram a um confronto inimaginável, depois das mortes de Humberto Lucena e de Antônio Mariz, que decretou uma diáspora sem precedentes.

O embate de 2012 é um choque de gerações. Maranhão, do alto das pirâmides construídas graças a dois mandatos e meio de governador e um de senador, com dois fiascos – um de governador e outro de prefeito da Capital – vem sendo fustigado para repartir o bolo que tanto tem beneficiado a tantos, mas principalmente a si mesmo e a alguns dos seus familiares.

Todas as declarações do relativamente jovem grupo que se rebelou contra o conceito imperial de administração do PMDB tem mantido a postura de respeito que o velho político de Araruna merece. Tem sido dito e repetido pela dupla Wilson & Santiago, por Manoel Júnior, Gervázio Filho e Fernando Milanez, entre outros.

Maranhão também conta com o apoio de alguns representantes da nova geração peemedebista, como Raniery Paulino e Trócolli Júnior, além da dupla “Sandy & Júnior” formada pelos sobrinhos Olenka e Benjamin, mas é provável que seu cacife esteja em alta, mesmo, com os mais antigos.

O grande problema do puxa-encolhe atual é que os – digamos – “rebeldes” peemedebistas têm denunciado que Maranhão faz os acordos, mas na hora “H” não os cumpre, distorce-os para beneficiar a si próprio e aos seus seguidores. Isso resvala para a vala da falta de ética e esse fato, para um cidadão de idade provecta como Maranhão, pode até dar-lhe vitórias de pirro, mas deixa-o combalido junto aos liderados.

Os “rebeldes”, porém, estão longe de beberem na fonte do elixir da juventude de Maranhão que, ao longo da vida, dedicou-se a três atividades que sublimavam seu ego: a política, as suas empresas e a avião. O empresário e o aviador sempre foram os dois principais suportes do político.

Ninguém espere que haja, nos dias atuais, choques violentos como ocorreram no Esporte Clube Cabo Branco em 98. Os que hoje desafiam o poderio de Maranhão não têm os mesmos instrumentos que tinha quando se confrontou com o clã Cunha Lima, incluindo a caneta para nomear e demitir no Governo do Estado.

Muitos têm mandatos e ninguém tem poder. Quase todos estão amargando derrotas e são poucos os que puderam cantar vitória recentemente. Uma parte perdeu em João Pessoa e outra sucumbiu em Campina Grande. Não por coincidência os dois maiores colégios eleitorais do Estado.

O que desafia qualquer observador é descobrir o que motiva Maranhão, a essa altura do campeonato da vida, a apegar-se obstinadamente à manutenção do comando direto do PMDB da Paraíba. Vaidade? Interesses imperceptíveis? Vê o posto de “presidente emérito” como um atestado de aposentadoria compulsória? Zé, pelo visto, é a própria esfinge: decifra-me ou devoro-te.

QUE VERGONHA!

O corte da energia elétrica pela Energisa, da sede central da Cagepa em João Pessoa, é para envergonhar o mais insensível dos paraibanos. Não há crise financeira que justifique tamanho desleixo com as obrigações de uma instituição como a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba. A crise é outra.