Afinal,o que é o CQC ?

Bruno Filho

Mais um início de semana.Com restrições à programação da TV por assinatura e suas reprises, dou preferência aos programas ao vivo, que na sua maioria trazem informações inéditas,e estão na TV aberta, e até pela profissão gosto muito de programações polêmicas.
Passei a assistir frequentemente o CQC, programa exibido há algum tempo,copiando seu igual argentino de muito sucesso na terra de Maradona.Porém, confesso,e pediria ajuda nisso, para entender qual é realmente o objetivo deste programa que é um sucesso absoluto.
O sucesso está refletido nas inserções comerciais que são na sua maioria exclusivas,ou seja,os próprios comandados de Marcelo Tas são os protagonistas das mesmas, seja lá qual for o produto anunciado.Coisa que não vejo em nenhum outro programa, pelo menos os que eu assisto.
Dividido em política,cultura,entretenimento e esporte, o citado espetáculo coloca em campo seus reporteres, comandados de uma mesa de debate por Marcelo e mais dois apresentadores voltados exclusivamente à pantomima, caretas, frases e atos de duplo sentido.
Com muito dinheiro na produção eles são capazes de estar na entrega do Óscar nos EUA, na abertura da reunião anual da ONU,no epicentro de um furacão, na Copa do Mundo,enfim em todos os lugares.Nos locais de atuação é que reside a minha dúvida, me ajudem.
É claro que todos gostariam de falar o que sentem, pela boca dos outros…então muitas risadas são dadas quando perguntas “picantes” são feitas a políticos despreparados, mal escolhidos nas eleições, e que ocupam cadeiras em Brasilia.Para estes, o microfone é uma arma, para os preparados não.
Quero dizer que o programa é editado…prá quem não sabe o que é isso, são feitas gravações e mais gravações e só vai para o ar o que interessa aos produtores.Os rapazes e a moça do CQC não são gênios de nada, tem seu valor pela desibinição e paramos por aí.
Alguns entrevistados se sujeitam a participar desse picadeiro até por promoção pessoal, outros pela polêmica e outros tantos apenas para “acompanhar a missa”.Mas não são todos.Aí está o “X” da questão,o “pulo do gato”: aqueles que não aceitam as brincadeiras são achincalhados pela equipe que os joga contra a população televisiva.
Não é justo, deveriam deixar correr…sem edição.Os que gostam, gostam, os que são contra deveriam ser respeitados, e isso não acontece.Portanto, não sei ainda, qual é o objetivo do programa.Se for apenas destratar seja lá quem for e sem ter o mínimo respeito, atingiram os objetivos.
Agora, se for reinvidicar e brigar pelo povo, deixam muito a desejar.Um outro aspecto é a humilhação das perguntas capciosas que são feitas principalmente ás mulheres, destratando-as e transformando-as em objeto, com propostas obcenas á luz pública.
No dia em que um artista cospe na cara de um deles como fez Paulo Vilhena, é tratado como animal, mas quando um de seus integrantes refere-se de forma indecorosa a uma mulher grávida como Vanessa Camargo, é expulso do programa sem perdão.Então que falsa liberdade é essa ?
Bem,se puderem me ajudem, e me digam qual o benefício que este  programa traz a nossa juventude e a sociedade ,a não ser dar exemplos ruins na  maioria esmagadora das vêzes.Ora, um programa que tem um quadro com o nome de “Nemfú !”. Pela dificuldade da prova apresentada, os senhores podem imaginar que frase está abreviada.
Sucesso comercial estrondoso.Que pena eu tenho dos verdadeiros artistas, que imploraram uma verba para fazer um filme por exemplo, ou para escrever um livro.Tem que mendigar, enquanto os grandes investidores de publicidade enchem os bolsos de produções estrangeiras e sem contexto.Sinal dos tempos.
Bruno Filho, jornalista e radialista,que admira o humor inteligente de Jô Soares, decente, querido e educado.