O médico cardiologista Marcelo Queiroga tomou posse como ministro da Saúde em cerimônia fechada no gabinete do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta terça-feira (23/3). A informação foi confirmada pelo Metrópoles com fontes do Palácio do Planalto em caráter reservado.
Queiroga substitui o general Eduardo Pazuello no comando do Ministério da Saúde, após série de desgastes do general à frente da pasta. As mudanças devem ser oficializadas em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) ainda nesta terça-feira (23/3).
O médico Marcelo Queiroga foi escolhido por Bolsonaro em 15 de março, em meio às críticas sobre como o governo vinha conduzindo a pandemia, que se aproxima de 300 mil mortes pela Covid-19.
Também na semana passada, antes de Bolsonaro anunciar a troca na pasta, Pazuello deu uma entrevista coletiva em tom de despedida. Disse que não pediu para ir embora, mas admitiu que o presidente Bolsonaro estava “reorganizando a pasta”.
No dia seguinte ao anúncio, em 16 de março, ao chegar ao Ministério da Saúde para uma reunião com Pazuello, Queiroga afirmou que “executará a política do governo”.
“O governo está trabalhando. As políticas públicas estão sendo colocadas em prática. O ministro Pazuello anunciou todo o cronograma da vacinação. A política é do governo Bolsonaro, não é do ministro da Saúde. O ministro da Saúde executa a política do governo”, disse Queiroga.
A nomeação ocorre com mais de uma semana de atraso, uma vez que Queiroga constava como administrador de duas empresas com registro na Receita Federal.
Por lei, servidores públicos estatuários são proibidos de serem sócios-administradores de empresas privadas. No caso de Queiroga, ele é sócio administrador de duas clínicas de cardiologia em João Pessoa (PB). Para assumir o cargo de ministro, é necessário que ele deixe a administração das empresas, embora possa continuar sendo sócio.
De acordo com registros da Receira, Marcelo Queiroga é sócio de três empresas, sendo sócio-administrador das duas últimas:Centro de Cardiologia Não Invasiva da Paraíba; Hemocard Clínica de Cardiologia e Hemodinâmica; e Cardiocenter Centro de Diagnóstico e Tratamento das Doenças Cardiológicas.
Quarto ministro
Com a nova mudança no Ministério da Saúde, o médico será o quarto a ocupar o cargo desde o início do governo Bolsonaro, em 2019.
O presidente começou o mandato ao lado do também médico Luiz Henrique Mandetta, que permaneceu no cargo de ministro por um ano e quatro meses. A exoneração do então ministro ocorreu em 16 de abril, ainda no início da crise do coronavírus.
Bolsonaro e Mandetta discordavam sobre como lidar com o combate à pandemia. O ex-ministro apoiava medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos, constantemente atacadas por Bolsonaro.
O médico também se negou a endossar o uso geral de medicamentos sem comprovação científica no tratamento da Covid-19, como defendeu o chefe do Executivo no início da pandemia, a exemplo da cloroquina.
Para o lugar de Mandetta, Bolsonaro escolheu o oncologista Nelson Teich, que permaneceu no cargo durante 28 dias. No período em que comandou a pasta, Teich manteve o posicionamento adotado por Mandetta, em defesa do isolamento social e contrário ao uso de medicamentos sem eficácia no tratamento da doença.
O oncologista, inclusive, negou-se a alterar o protocolo do Ministério da Saúde sobre o “tratamento precoce” da Covid-19. Dias depois, já com o general Pazuello no comando interino da pasta, o governo divulgou uma nota informativa com orientações para “manuseio medicamentoso precoce de pacientes com diagnóstico da Covid-19”.
Quem é Marcelo Queiroga
Marcelo Queiroga, de 55 anos, é médico formado pela Universidade Federal da Paraíba. Fez residência médica no Hospital Adventista Silvestre, no Rio de Janeiro, e treinamento em hemodinâmica e cardiologia intervencionista, na Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Atualmente é responsável pelo Departamento de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do Hospital Alberto Urquiza Wanderley, em João Pessoa (PB), e é presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
O médico tem no currículo intensa atuação na Associação Médica Brasileira (AMB) e na Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), que também presidiu.
É casado com uma pediatra e tem três filhos – uma é médica, outro está a caminho da mesma formação, e o terceiro filho é advogado.
Queiroga é amigo do também cardiologista Hélio Roque Figueira, sogro do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente da República. Flávio chegou a indicar o nome de Queiroga para a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Ele esperava a sabatina do Senado, suspensa por causa da pandemia.
Fonte: Metropoles
Créditos: Polêmica Paraíba