Revés

Ludhmila Hajjar recusará comando do Ministério da Saúde

Reunião com Bolsonaro foi rui,; presidente levou Pazuello e filho

A cardiologista Ludhmilla Hajjar deve recusar o cargo de ministra da Saúde. Segundo fontes do Palácio do Planalto informaram à coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, a médica acredita em certas diretrizes para combater a pandemia, e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em outras. Por isso, Hajjar deve recusar o convite que não foi feito oficialmente ainda, apesar de ser quase uma unanimidade entre políticos do alto escalão do Congresso e outras autoridades.

Ludhmila está em Brasília nesta segunda (15) à espera de um novo contato de Bolsonaro. Ambos tiveram encontro ontem (14) à tarde no Alvorada, onde também estavam o atual ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente. Não houve muita sintonia na reunião de domingo. Bolsonaro defendeu sua política contra a Covid, falou do uso de cloroquina e dos exageros que vê em medidas restritivas à circulação de pessoas em locais mais afetados pela doença. Não é o que defende a médica. Ela deve agradecer ao possível convite, mas recusar a possibilidade para ser ministra.

Houve um certo constrangimento, pois Ludhmila foi a uma reunião para ouvir um convite para ser ministra e encontrou na mesma sala o general que poderia substituir. Mesmo assim, ela ficou em Brasília e aguarda um contato do Palácio do Planalto.

À favor de Ludhmila e mudança de postura 

Essa é mais uma derrota para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que se empenhou pessoalmente e em público. Depois que assumiu o comando da Casa dos Deputados, esse é o 1º grande pedido de Lira a Bolsonaro. Por ser um revés muito explícito, não se sabe qual será a consequência.

Também atuaram a favor de Ludhmila o procurador-geral da República, Augusto Aras, e os ministros do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Os 3, assim como Arthur Lira, já foram atendidos pela cardiologista. Lira se diz muito grato a Ludhmila, a quem atribui muita competência no seu tratamento contra a Covid. O presidente da Câmara fez um elogio público à médica em seu Twitter.

Com a não nomeação de Ludhmila Hajjar, de uma vez, Bolsonaro se indispôs com o chefe de uma das Casas do Legislativo, com o titular da PGR e com 2 ministros do STF. Aumenta entre as autoridades em Brasília, fora do Poder Executivo, a pressão para que o Governo Federal mude seu tom e abordagem a respeito de como conduzir as políticas públicas para debelar a pandemia de coronavírus.

Bolsonaro se mostrou muito resistente a uma mudança, apesar de sinais ambíguos nos últimos dias. Por exemplo, logo depois de Luiz Inácio Lula da Silva recobrar seus direitos políticos, o presidente apareceu no Palácio do Planalto numa cerimônia usando máscara. Nos dias seguintes, voltou ao discurso anterior. Na conversa no domingo (14) à tarde com Ludhmila Hajjar, no Palácio da Alvorada, o presidente deu a impressão de que estava recebendo a médica apenas para cumprir tabela e dar uma satisfação aos que a recomendaram.

Fonte: O Globo, Poder360 e CNN
Créditos: Polêmica Paraíba