A anulação dos processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, referentes a condenações da Operação Lava Jato de Curitiba, Paraná, criou efeito positivo para o Partido dos Trabalhadores. Segundo a revista “Forum”, a possibilidade do ex-presidente se candidatar ao Palácio do Planalto em 2022 e seu discurso reagindo à anulação das condenações empolgaram parcelas expressivas do eleitorado, e o PT, que é dono da maior bancada da Câmara dos Deputados e o segundo partido com mais filiados do Brasil, perdendo apenas para o MDB, experimentou uma explosão de filiações à legenda nos últimos dias.
De acordo com dados da própria sigla, a média de filiações ao PT cresceu 828% nos últimos três dias em comparação com o mesmo período na semana anterior. Entre os dias 8 e 10 de março, Lula recuperou sua elegibilidade, o julgamento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro, que mandou prendê-lo, avançou no Supremo Tribunal Federal e o ex-metalúrgico fez um contundente pronunciamento em São Bernardo do Campo (SP). A militância petista, diante das notícias favoráveis a Lula, foi às redes sociais para convidar pessoas a se filiarem ao partido e, pelos números oficiais, a mobilização vem surtindo resultados. Como exemplo da repercussão alcançada pela anulação dos processos, cita-se que 2,5 milhões de comentários sobre o tema foram registrados em rede social. A pauta teve maior repercussão que o Big Brother Brasil 21 naquele dia, que teve 1,8 milhões de menções. 88% das mensagens foram favoráveis ao ex-mandatário.
A reaparição pública de Lula após a anulação dos processos da Lava Jato, ganhou destaque na imprensa brasileira e no jornalismo mundial. Na Europa, o discurso do ex-presidente e seu contraste com o presidente Jair Bolsonaro ao tratar da pandemia de Covid-19 ocupou espaço nos principais jornais do continente. A possibilidade do petista ser candidato à presidência em 2022, já que ao ter os processos anulados recuperou sua elegibilidade, também vem sendo analisada pela mídia europeia, assim como o revés sofrido pelo ex-juiz Sérgio Moro, responsável pela condenação em primeira instância do processo que levou Lula à cadeia e que agora, ao que tudo indica, deve ser declarado suspeito pelo Supremo Tribunal Federal. A agitação não é menor nos meios políticos.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que tem dado declarações incoerentes sobre a conjuntura política nacional ultimamente, agora prega um “basta” aos “desatinos” do presidente Jair Bolsonaro e já admite a possibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se eleger em 2022. “O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) tem razão: ou há um basta aos desatinos do PR (Presidente) ou…dará Lula nas eleições. Basta comparar e ver o vazio de lideranças. Estamos entre o trágico e o que se viu. Sem horizontes animadores. Mesmo assim, há que manter as esperanças”, tuitou Fernando Henrique Cardoso, ontem. FHC já havia dito que sentiu “certo mal-estar” por não ter votado em Fernando Haddad, candidato do PT, em 2018, quando este concorreu contra Jair Bolsonaro. Dois dias depois, poupou o atual presidente e pediu para a classe política “ir devagar com o andor” em relação ao processo de impeachment de Bolsonaro. Agora, assume que já enxerga a chance de Lula se eleger em 2022.
Fonte: Os Guedes
Créditos: Os Guedes