Opinião

O perigo da degradação política - por Rui Leitão

A degradação, lamentavelmente, passou a ser uma característica do tempo em que estamos vivendo. Ela se reflete nas mais diversas formas de comportamento. Para melhor compreensão do que estou buscando colocar como reflexão, é importante que consultemos o dicionário para sabermos exatamente o que seja “degradação”. Vejamos o que resultou dessa pesquisa: aviltamento, corrupção, desonra, prevaricação, vileza. Há dificuldade em perceber tudo isso na contemporaneidade de nosso país?

Não podemos generalizar, tem muita gente bem intencionada, mas estamos empobrecidos na prática política no Brasil. Nos deparamos, com tristeza, com sinais desanimadores. Os protagonistas desse comportamento torpe estão alcançando postos de relevância nas estruturas de poder. Muitos deles exercendo seus mandatos como se fossem de domínio pessoal, fazendo funcionar a “democracia funcional”, atendendo interesses de grupos, deixando de acolher as demandas sociais e perdendo o fio da racionalidade.

O agir político sendo conduzido pelo emocional e pelas paixões partidárias ou ideológicas. A vontade política sendo radicalizada ao sabor das manifestações do fanatismo. Preponderando a velha concepção de que os posicionamentos políticos devem necessariamente ter obediência ao critério da distinção de amigos e inimigos. A tentativa de impor pela força a prevalência dos ideais dos que estão circunstancialmente em situações de comando.

O aventureirismo político ganhando aceitação popular, causando danos preocupantes ao estado democrático. A selvageria, a baixeza, a imoderação, a maledicência, determinando as linhas de discursos inconsequentes. A desobediência civil democrática sendo irresponsavelmente estimulada. Percebe-se um esforço enorme para matar o ânimo das resistências. É muito perigoso vermos que o Estado se dispõe a patrocinar o medo. Configura-se, então, a degradação planejada da esfera política.

O aceno permanente ao golpismo como ameaça. Aproveitam-se da ignorância de uma parte manipulável da população, para fabricar mentiras que ajudem suas retóricas antidemocráticas, e assim consigam a adesão dos incautos. A degradação deixa de ser consequência para ser objetivo. O conservadorismo ideológico e anti-institucional rompendo os padrões normais da democracia.

A degradação política chega, portanto, de forma avassaladora, oferecendo o espetáculo da violência, da agressão pessoal e da brutalidade. É preciso reagir, antes que seja tarde.

Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão