Os contornos de cenário político para 2022 já movimentam as discussões de forma contundente desde o fim das eleições municipais no ano passado. Tanto à nível estadual, quando nacional, a expectativa gira em torno das definições para os cargos majoritários e das alianças. Na Paraíba, certo mesmo é que João Azevêdo deve disputar a reeleição, mas há grande dúvida quanto aos apoios. No Senado, Aguinaldo Ribeiro, Efraim Filho, Lígia Feliciano e até Bruno Roberto já sinalizaram interesse. Nacionalmente, João deve dar palanque para um nome de centro-esquerda, Lula talvez. Mas e do outro lado? Quem serão os postulantes a surfar na onda bolsonarista?
Que Romero Rodrigues (PSD) é o principal, sabemos. A prova mais recente foi dada durante a passagem de Bolsonaro por Campina Grande, em fevereiro. Enquanto o presidente cumprimentava alguns apoiadores, foi perguntado sobre o ex-prefeito de Campina Grande, e esbanjou declarações de amor. Bolsonaro disse que ele é seu “irmão lá de trás” e afirmou que “Romero mora no meu coração”.
Entretanto, não é apenas para comandar o governo do estado, intenção de Romero, que Bolsonaro quer ter bases na Paraíba. Ele já articula com alguns assessores especiais da Presidência uma candidatura em 2022, entre os principais, está um paraibano, que trabalha diretamente no gabinete e acompanha Bolsonaro em viagens: Tércio Thomaz, que atua no gerenciamento das redes sociais no chamado “gabinete do ódio”. Ele está sendo incentivado a aumentar sua presença nas redes sociais para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados.
Ao apadrinhar seus homens de confiança, Bolsonaro diz querer evitar que aliados de ocasião surfem usando seu nome e depois virem as costas, algo que aconteceu com o atual deputado Julian Lemos (PSL), eleito com as bases de Bolsonaro, hoje faz oposição ao Governo. Nos bastidores, Bolsonaro reclama que em 2018 foi cercado de “oportunistas”. Naquele ano, a onda bolsonarista elegeu 52 deputados federais, quatro senadores, três governadores e 76 deputados estaduais, parte deles rompidos com o presidente atualmente.
De Campina Grande ao gabinete do ódio
Natural de Campina Grande, Tércio chamou a atenção do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) por ter criado a página “Bolsonaro Opressor” e foi convidado para trabalhar com a família. Em 2018, o jornal “O Globo” revelou que Tércio estava lotado no gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara dos Vereadores enquanto viajava com Bolsonaro durante a campanha presidencial.
No governo, Tércio foi acusado de participar do “gabinete do ódio”, como ficou conhecido um grupo de assessores presidenciais que se dedicaria a atacar adversários de Bolsonaro. Tércio Thomaz foi citado no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga a organização de atos antidemocráticos.
Acostumado a atuar mais nos bastidores, Tércio criou em janeiro uma conta no Twitter e um canal no Telegram. Lá, divulga falas de Bolsonaro e atos do governo, e também ataca adversários, como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Ele tem 8 mil seguidores no Twitter e pouco mais de 900 inscritos no Telegram.
Devem tentar embarcar na onda
Esse movimento que tomou conta das eleições em 2018, ganhou dissidências e parece enfraquecido, principalmente pelos resultados das eleições municipais, em que os candidatos apoiados por Bolsonaro sofreram derrotas contundentes. Mas, é evidente que não vai faltar gente querendo um apoio do presidente em seus estados.
De Campina Grande, Romero e Tércio são os mais próximos de Bolsonaro e devem contar com apoio explícito, porém, outros nomes tendem a buscar uma associação com o nome do presidente. Em João Pessoa, Wallber Virgolino, candidato à Prefeitura da Capital no ano passado, não esconde a simpatia por Bolsonaro. Atual deputado estadual, pode desejar uma vaga federal. Até mesmo no Senado, numa chapa com Romero.
Nilvan Ferreira é outro que tem simpatia as ideias de Bolsonaro, apesar de ter evitado esse assunto durante a campanha pelo MDB, já se manifestou diversas vezes a favor das ideias bolsonaristas. Com as mudanças no comando do MDB, Nilvan não deve ter futuro no partido e vai buscar uma sigla mais à direita, talvez na tentativa de surfar na onda que vem afundando o país.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba