Opiniões

Saiba o que pensam os deputados paraibanos sobre a anulação das condenações de Lula

Parte da bancada paraibana não se isentou de opinar, em entrevistas ou nas redes sociais

No início da semana, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) anulou todas as condenações do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva pela Justiça Federal no Paraná, relacionadas às investigações da Operação Lava Jato. Com a decisão, o ex-presidente Lula recuperou os direitos políticos e voltou a ser elegível.

As anulações foram decorrentes do pedido de habeas corpus da defesa de Lula, impetrado em novembro do ano passado. Fachin declarou a incompetência da Justiça Federal do Paraná para julgar quatro ações, as do triplex do Guarujá, do sítio de Atibaia e duas ações relacionadas ao Instituto Lula. Segundo o ministro, a 13ª Vara Federal de Curitiba, cujos titulares na ocasião das condenações eram Sergio Moro (triplex) e Gabriela Hardt (sítio), não era o “juiz natural” dos casos. Os processos serão analisados pela Justiça Federal do Distrito Federal, à qual caberá dizer se os atos realizados nos quatro processos podem ou não ser validados e reaproveitados.

Com isso, várias manifestações de apoio e contrárias ao ex-presidente surgiram durante a semana. Parte da bancada paraibana não se isentou de opinar, em entrevistas ou nas redes sociais. Veja abaixo o que pensam os deputados sobre a decisão e como fica o jogo político.

Em ordem alfabética:

Efraim Filho (DEM)

Logo após a decisão, o líder do Democratas na Câmara postou a seguinte mensagem, em uma rede social: “No Brasil até o passado é imprevisível. (Pedro Malan)”

Durante a semana, em entrevista à Exame, Efraim disse acreditar que a entrada de Lula no cenário, ao mesmo tempo que fortalece o quadro de polarização, provoca as forças mais ao Centro a se unirem para viabilizar uma candidatura competitiva: “Acho que essa situação gera um impulso que, por enquanto, não havia acontecido ainda”, diz. A esperança é que haja um consenso em torno de uma opção de centro, não uma série de candidaturas.

Frei Anastácio (PT)

Anastácio se manifestou por diversas vezes durante a semana sobre a decisão. Em suas redes sociais, ele compartilhou trechos do discurso de Lula e relembrou os anos de governo do ex-presidente.

No dia da decisão, Anastácio disse que a anulação das condenações de Lula pelo ministro do STF, Edson Fachin, comprova que tudo que a Lava Jato fez foi uma grande armação para impedir que Lula fosse candidato a Presidente da República. “Essa decisão corrige injustiças e comprova o que nós denunciávamos desde o início, sobre a armação montada pela Lava Jato e o ex-juiz Sérgio Moro”, afirmou o deputado.

Frei Anastácio destacou que “agora, a maior parte da população brasileira viu nascer uma esperança para que o país seja retirado das mãos de um governo que não se preocupa com o povo. Um presidente que só trata em retirar direitos, promover apertos econômicos para a população, dilapidar a educação, saúde, meio ambiente, agricultura familiar, além de não respeitar nem os mortos de uma pandemia que mancha o Brasil de sangue”, acusou.

Gervásio Maia (PSB)

Gervásio avaliou, em contato com a redação do Polêmica Paraíba, que no processo que julgou Lula “a política se misturou muito com a justiça”, exemplificando que Moro, quem julgou o caso, foi escolhido por Bolsonaro, o principal adversário político de Lula à época, para ser Ministro em seu governo. Na sua visão, o processo foi “muito atrapalhado”.

“Eu vejo que o processo foi todo muito atrapalhado, ao longo de todos os instantes, a defesa de Lula vinha atacando isso, o próprio presidente Lula, nas audiências que teve com o ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro atacava tudo isso. Mas enfim, que o jurídico do ex-presidente possa seguir defendendo aquilo que já vem sendo feito”, disse.

“O que posso te dizer, dentro daquilo que enxergo… a política se misturou muito com a justiça nesse episódio de Lula. Tudo ficou muito claro, prova disso é que o juiz Moro terminou, depois, deixando de ser juiz, pra ser contemplado no governo daquele que foi o grande adversário de Lula, foi presenteado com o ministério, o que realmente soou muito mal naquele instante. Pegou muito mal para o então juiz Moro se unir ao lado adversário […]. Então, é isso. Essa coisa do pau que nasce torto, morre torto, foi o que aconteceu”, concluiu.

Julian Lemos (PSL)

Em entrevista ao Polêmica Paraíba, Julian Lemos afirmou que Lula “pode até se livrar da condenação jurídica, mas não apaga as questões morais”.

“Anular as condenações do presidente Lula na questão jurídica, não apaga as questões morais. Para mim, eu tenho o meu convencimento do que aconteceu no Brasil. Ele pode até se livrar da justiça aqui do Brasil, mas não da condenação moral que ele tem, que é a pior coisa do mundo, a condenação moral. Embora ele seja uma liderança política forte e após a declaração eu vi isso, mas para mim, a preço de hoje, ele não é uma opção, nunca foi uma opção para mim, como governo de esquerda, tá? Não falo isso das questões sociais, nada disso, mas de questões ideológicas, também nunca foram, nunca foi, nunca vai ser”, respondeu.

Pedro Cunha Lima (PSDB)

Pedro Cunha Lima (PSDB-PB) não comentou a decisão jurídica, mas avaliou o cenário político em 2022. Ele disse que, na Paraíba, a decisão que tornou Lula elegível diminui muito a chance de terceira via, de Centro, em entrevista ao jornal O Globo.

“Eu conversei com alguns prefeitos do sertão, e nesses municípios não tem nem graça. Lula vai tomar conta de tudo. Ele é muito forte, e sobretudo com esse cenário do fim do auxílio, Lula traz muita força. E me deixou até atordoado, porque pra quem quer construir uma terceira via, praticamente não tem mais espaço”, comenta o deputado.

Para ele, a única esperança do centro é se unir em torno de um único nome, mostrando um projeto político unificado. Ele integra uma ala do PSDB que defende que não necessariamente seja lançado um tucano à Presidência, ainda que defenda o nome de Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul.

Wellington Roberto (PL)

Wellington Roberto afirmou que “não teve nada de excepcional” na retomada dos direitos políticos de Lula, quando perguntado, pelo Blog do Ninja, como ele avaliava a decisão: “Olha, eu achei que não teve nada de excepcional. Teve a decisão do ministro do STF, então isso era esperado [a volta de Lula ao jogo político]. Mas vamos esperar o desenrolar do julgamento. Vamos aguardar. Isso faz parte. O Lula é o maior líder do partido dele.”

Não se manifestaram

Aguinaldo Ribeiro (PP), Damião Feliciano (PDT), que está internado com complicações, Edna Henrique (PSDB), Gervásio Maia (PSB), Hugo Motta (REP), Ruy Carneiro (PSDB), Wellington Roberto (PL) e Wilson Santiago (PTB).

Os deputados foram consultados pela reportagem, mas não atenderam as ligações. Assim que as respostas forem enviadas, a reportagem será atualizada.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba