A força-tarefa da Ação Conjunta Covid-19, que reúne diversas instituições de Saúde, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) e a Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF), realizaram diligências, na manhã desta terça-feira, 9, no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde foi visto pacientes sendo medicados em bancos e cadeiras, além da falta de efetivo médico para o atendimento.
Durante a visita, a ação conjunta classificou o cenário como lamentável e um verdadeiro caos. Apenas um médico trabalhava no box para tratamento de casos graves e dois no atendimento dos demais, além de dois enfermeiros e 13 técnicos de enfermagem para prestar assistência aos 81 pacientes da ala Covid-19.
Veja a situação no vídeo abaixo
“A situação é dramática no Hospital Regional da Asa Norte. A gente vê que, na entrada do pronto-socorro para as pessoas com Covid, a gente tem cruzamento com pacientes de outros ambulatórios. Então, as pessoas podem ser contaminadas nesse processo”, denunciou o deputado distrital Fábio Felix (PSol), que lidera a força-tarefa.
Segundo o parlamentar, estão superlotadas todas as áreas para tratamento de pacientes com o novo coronavírus. “Está faltando a máscara inalante, que é uma máscara de oxigênio que permite que a pessoa tenha acesso a esse oxigênio”, pontuou.
Ainda de acordo com Félix, os relatos dos profissionais de saúde é desesperador. “Muitos profissionais usam esse termo: é um cenário de guerra dentro do Hran”, contou.
Para o deputado distrital, está no limite o fornecimento de capote e luvas para os profissionais de saúde. “O Governo do Distrito Federal precisa fazer alguma coisa urgentemente para o fornecimento dos equipamentos necessários. Até a bomba de infusão, que regula a medicação, está em falta. E há dificuldade de conciliar a medicação para os pacientes que precisam. Tem gente entubada em frente de pessoas não entubadas. É uma situação lamentável”, concluiu.
Participaram da ação, além de Félix, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da CLDF, o Sindicato dos Enfermeiros, a Comissão de Saúde da OAB-DF e o Conselho de Enfermagem (Coren-DF).
Inadequações
Durante a ação, foram encontradas diversas inadequações referentes ao atendimento de pacientes acometidos com o novo coronavírus.
Dentre elas, a escassez de equipamentos de proteção individual (EPIs), a falta de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para internação de pacientes, e pessoas recebendo oxigênio sentadas no corredor da emergência. Também está desabastecido o suprimento de máscaras para substituir as que os pacientes usam ao chegar na unidade hospitalar. Não há água no pronto-socorro nem insumos para entubação.
Além disso, a ação encontrou cerca de 30 pessoas com a confirmação da doença, na mesma ala, sem distanciamento, e sendo medicadas em cadeiras, devido à indisponibilidade de macas. Profissionais relataram exaustão e falta de suporte. O número de servidores é insuficiente e o atendimento ambulatorial está misturado ao de pacientes com Covid-19 e variantes.
Ainda de acordo com a força-tarefa, não há disponibilidade de respiradores nem leito de UTI adulto para Covid-19. As autoridades, durante a visita, receberam a informação de que há 12 pacientes aguardando por vaga na UTI, na fila de espera.
A ação conjunta identificou que o hospital está há três meses sem contrato de manutenção de ar-condicionado.
O que diz a saúde
Acionada pela reportagem, a Secretaria de Saúde encaminhou nota com esclarecimentos da direção do Hran. Segundo o texto, “devido ao aumento acentuado de casos da Covid-19 nos últimos dias, a unidade está operando além de sua capacidade”, mas que está ampliando a oferta de vagas no hospital, para que a população não fique desassistida.
“As unidades de saúde estão apresentando superlotação, pois o número de pessoas contaminadas tem crescido e, consequentemente, a busca por atendimento hospitalar”, reforça o texto. “A direção da unidade tem trabalhado para que situações como essa ocorram com menos frequência, e todos os pacientes sejam atendidos em um curto espaço de tempo”, completa.
Por fim, a Secretaria de Saúde diz que leva em consideração, seguindo o Plano de Mobilização, a taxa de ocupação de leitos de UTI, com o índice de transmissibilidade e a média móvel diária de óbitos.
“Na análise desses fatores, desde dezembro, a secretaria iniciou a mobilização de leitos, de acordo com a disponibilidade de cada hospital em liberar leitos que antes estavam sendo ocupados por pacientes não Covid-19. Só na última semana, foram mobilizados mais de 100 leitos de UTI Covid na rede pública e outros 100 leitos estão sendo abertos nesta semana. Além disso, foram abertos 88 leitos de enfermaria, nas últimas 48 horas”, conclui.
Fonte: Metrópoles
Créditos: Polêmica Paraíba