A resistência encontra ânimo para continuar sua luta em defesa do estado democrático de direito. A decisão da Câmara Federal em manter o deputado Daniel Silveira preso é um alento para todos nós que reagimos aos ataques que a extrema direita vem sistematicamente desferindo contra a democracia em nosso país. De nada adiantou o choro de arrependimento do parlamentar tentando justificar seu discurso de ódio, próprio dos fascistas, incitando a violência e o desrespeito às normas constitucionais do país. A fúria do tigrão no vídeo virou um miado de gatinho na hora do julgamento.
O parlamento foi altivo e patriótico. Não há como confundir liberdade de expressão com a faculdade de alguém atingir a honra, a imagem a personalidade de outros. Mais ainda quando se tratam de autoridades constituídas. Também é inadmissível pensar que a imunidade parlamentar não estabeleça limites para que um mandatário possa dizer o que quiser protegido pelo manto da impunidade. O deputado na tribuna pode emitir opiniões que contrariem o pensamento dos que estão no poder, mas, jamais, poderá, amparado por seu mandato, ofender aqueles que representam as instituições democráticas da nação.
Principalmente quando o discurso é proferido num tom emocional que estimula seus ouvintes a segui-lo na incivilidade. Na democracia esse comportamento é intolerável. Isso se configura incentivo à revolta, à rebelião, à desobediência civil. O deputado fez convite explícito à ditadura militar, quando relembrou como fato histórico importante o AI 5. Disse que sonha com os ministros do STF sendo surrados em praça pública. Pregou o fechamento da suprema corte judiciária. Usando de palavras de baixo calão insultou, agrediu e ultrajou os ministros que integram o tribunal constitucional. No mínimo, uma falta de educação
Difícil aceitar isso como procedimento dentro da normalidade democrática. É comportamento de quem namora a ditadura. Pratica a contradição ao defender o AI5 e procura se salvar das acusações com o argumento de que tem o direito da livre expressão de pensamento. O parlamentar tem um histórico de protagonista de embates, xingamentos e agressões verbais aos que se posicionam contra seus ideais. Acreditando na impunidade não pensou duas vezes em gravar o vídeo que terminou sendo prova de seus crimes.
A democracia, apesar dos que estão tentando matá-la, está sobrevivendo. Estamos vencendo o negacionismo, o autoritarismo e a agressividade ideológica, que grassam na comtemporaneidade nacional. Precisamos enfrentar a monopolização das elites buscando a defesa dos ideais igualitários, na afirmação de uma sociedade livre analisada sob o ponto de vista político. Não admitirmos que a erosão institucional possa nos levar ao rompimento das regras democráticas. Nesse jogo fizemos um gol importante nesta noite, o que nos faz acreditar que será nossa a vitória.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Rui Leitão