O tamanho do PT no Paço

Paulo Santos

O prefeito eleito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, vem tocando a transição administrativa com relativa transparência, mas os aspectos políticos que irão vingar a partir de 1º de janeiro de 2013 estão trancados num cofre impenetrável, sob sete chaves, como diriam os mais antigos.

Nesta fase, inclusive, é praticamente impossível se debruçar sobre assuntos políticos de grande monta. O pouco que se discute passa pela Câmara Municipal com alguns tentando ocupar os espaços vazios da imprensa para emplacar algumas teses sobre mudanças na composição da futura Mesa, assunto sobre o qual alguns bons entendedores já ouviram meias palavras do próximo Prefeito.

A expectativa, nos próximos dias, será o tamanho que o PT terá na administração de Luciano Cartaxo. Já se sabe que, pelo menos por enquanto, o cachimbo da paz fumado entre ele e o deputado federal Luiz Couto provocou mais pigarros e tosses do que êxtase ou satisfação.

O silêncio sepulcral de Cartaxo – pelo menos para o público externo – é sintomático, mas uma pista pode ser seguida por quem gosta de desvendar segredos subterrâneos: o futuro Prefeito esteve nesta terça-feira (13) com um dos gurus do PT, o ministro Gilberto Carvalho. Crer que o cardápio da conversa não foi política é como imaginar missa sem vinho para o padre.

Carvalho foi um interlocutor permanente de Luciano Cartaxo antes, durante e agora depois da campanha. O Ministro, inclusive, teria sido responsável por convencer o PT a investir na possibilidade de conquistar a Prefeitura de João Pessoa. Se for verdade, não faltou feeling ao auxiliar da presidente Dilma.

O tamanho do PT, então, vai depender do tamanho do deputado-padre Luiz Couto? Pelo e pelo não é bom deixar o desconfiômetro à mão. Os dois, até agora, adotavam estilos diferentes. Luciano foi conquistando seu espaço pelas beiradas. Couto sempre preferiu o confronto direto com os dirigengtes estaduais. A vitória de Cartaxo minou bastante sua influência junto à direção nacional e deu mais fôlego ao presidente estadual Rodrigo Soares.

O que alguns petistas esperam é que Cartaxo saiba cortar as asas de alguns “falcões”, os conselheiros sanguinários que tentam, a cada movimento do xadrez político, tirar a velha e sempre útil metralhadora do “fogo amigo” do armário para ir dizimando legiões de correligionários que outrora utilizaram dos mesmos métodos.

A composição do futuro secretariado, o famoso “primeiro escalão”, deve colocar o trem no trilho pelo qual Luciano Cartazo vai começar a percorrer caminhos inóspitos, mas não impossíveis de ultrapassar. As próximas composições dos diretórios estadual e municipais (principalmente de João Pessoa e Campina Grande) serão fundamentais para o ano eleitoral de 2014.

BUBA NO PPS
Um passarinho que costuma bisbilhotar saídas de políticos de alguns partidos ouviu sussurros no Palácio da Redenção de que o presidente da Famup, Buba Germano, foi aconselhado a deixar o PSDB para ingressar no PPS com uma missão específica: fechar os espaços de avanço do vice-prefeito eleito de João Pessoa, Nonato Bandeira, sobre a legenda. Raciocínio simples: o jornalista vai ter tempo e estrutura, a partir de janeiro, suficientes para “minar” o Governo junto a prefeitos e vereadores.