DEM pode virar "coadjuvante" na PB

Nonato Guedes

Embora lideranças nacionais do Democratas avaliem que o partido saiu maior das eleições de 2012, na Paraíba há inquietação nas bases quanto à perda de espaços. O partido, presidido pelo ex-senador Efraim Morais, atual secretário de Infraestrutura do governo do Estado, perdeu quadros para o PEN, presidido pelo deputado Ricardo Marcelo, e para o PSD, comandado pelo vice-governador Rômulo Gouveia. Deverá ganhar um deputado federal efetivo, o major Fábio Oliveira, que assumirá com a renúncia do tucano Romero Rodrigues para assumir a prefeitura de Campina Grande em janeiro de 2013. A única expressão da bancada paraibana na Câmara Federal é o deputado Efraim Filho, que tem tido atuação marcante em comissões temáticas.

Na Assembléia Legislativa, porém, a perda de musculatura da agremiação é visível. Por enquanto, não está definido nenhum calendário de discussões sobre o futuro do DEM no pleito majoritário de 2014. O secretário Efraim Morais não confirma pretensão de sair candidato a deputado federal, o que levaria seu filho a disputar um mandato estadual, para melhor acomodação interna e familiar. Efraim Filho foi candidato a vice-prefeito nas eleições deste ano, em João Pessoa, integrando a chapa encabeçada por Estelizabel Bezerra, do PSB, que ficou em terceiro lugar no páreo.

O presidente nacional, José Agripino (RN), calcula em aproximadamente 50% o crescimento da legenda na disputa municipal de 2012, tomando por base o número de eleitores. De acordo com ele, são dois milhões de eleitores a mais que o partido governará a partir de 2013 nos 278 municípios conquistados em outubro último. Se por um lado o número de prefeituras do DEM caiu em 69 (de 347 para 278), por outro o partido ficou com a prefeitura da terceira maior capital do país, Salvador, com a eleição de ACM Neto, que derrotou o petista Nelson Pellegrino, e incorporou centros importantes como Aracaju, Vila Velha, Feira de Santana, Mossoró, Barueri, entre outros. Atualmente, pelas projções de Agripino, o Democratas administra 4,8 milhões de eleitores em 347 municípios, e a partir do ano que vem serão 6,9 milhões de eleitores governados pelo Democratas e 8,7 milhões de habitantes. No ranking de prefeituras conquistadas em relação a outros partidos, o Democratas está em nono lugar e em termos de capitais figura em quinto lugar. “O crescimento do eleitorado do partido é uma prova de que a legenda resistiu, sobreviveu e cresceu”, afirma Agripino, tentando encorajar os correligionários.

E acrescentou: “Saímos fortalecidos, resistimos para nos manter na oposição e garantir a democracia brasileira. E tivemos uma resposta favorável do eleitorado. Em termos de verbalização política estamos com os maiores políticos do Brasil. As urnas não mentem. O DEM fez bem ao manter seus valores e resistir na oposição”. Referindo-se à vitória de ACM Neto, Agripino afirmou que a capital baiana será um laboratório para a prática das ideias do DEM, como o desenvolvimento do capital privado e a diminuição da carga tributária. “A partir de 2013 o partido vai continuar agindo como quer, só que vai ter vitrines visíveis no Brasil inteiro”, adiantou. ACM Neto disse ter consciência do tamanho da representatividade que vai ser governador Salvador e prometeu trabalhar intensamente desde o primeiro dia para retribuir a confiança popular. Não obstante essas manifestações de entusiasmo com relação à capital da Bahia e a outros centros conquistados nas urnas, na Paraíba a expectativa é de que haja uma ofensiva imediata para o fortalecimento concreto do DEM, compensando as defecções sofridas.