Crianças e adolescentes são menos suscetíveis à infecção pelo coronavírus, mas são mais propensos a infectar outras pessoas dentro de casa. É o que aponta um estudo publicado, em 18 de janeiro, no jornal acadêmico The Lancet Infectious Diseases.
O pediatra Flávio Melo publicou em suas redes sociais um estudo no periódico JAMA Pediatrics, onde mostra que Entre Abril e Maio, foi verificada a positividade de RT-PCR e a soroprevalência de cerca de 5000 crianças (1-10 anos) e seus parentes, durante o período de maior prevalência da doença na Alemanha, na região com a segunda maior incidência do país à época.
Os achados importantes:
- A disseminação da doença nas crianças foi baixa;
- A soroprevalência foi três vezes menor nas crianças do que nos adultos;
- Entre 56 famílias que tinham pelo menos uma criança ou familiar soropositivas, a combinação de parente positivo/criança negativa foi 4,3 vezes menor que a combinação de criança positiva/parente negativo;
- De acordo com esse dados, é bastante improvável que as crianças tenham sido as disseminadoras da pandemia;
- Em 580 crianças que continuaram a frequentar as creches/escolas, pois eram filhos de trabalhadores essenciais, a positividade não foi estatisticamente diferente das que estavam em casa (3/580 versus 19/1863).
Por outro lado, a partir dos dados analisados, os pesquisadores descobriram que indivíduos com mais de 60 anos tinham maior probabilidade de infecção do que a população mais jovem, especialmente aqueles com menos de 20 anos. Além disso, os bebês eram mais propensos a serem infectados do que as crianças mais velhas. Os cientistas apontaram que um estudo em Bnei Brak, Israel, já tinha observado o risco maior de infecção em crianças de até 1 ano. Uma possível explicação para esse cenário é que os bebês têm um sistema imunológico inato mais fraco e contato mais próximo com os pais do que crianças mais velhas.
Uma vez infectados, crianças e adolescentes eram tão propensos quanto os adultos a desenvolver sintomas, embora muito menos propensos a ter doenças graves. Apesar de não desenvolverem quadros tão severos, as crianças e os adolescentes eram mais propensos a infectar outras pessoas do que grupos de idade mais avançada.
Para os pesquisadores, a infecciosidade relativamente alta das crianças nas famílias deve ser considerada com cuidado ao tomar decisões sobre a reabertura de escolas, já que crianças infectadas podem transmitir o vírus para seus familiares. Por fim, dada a vulnerabilidade dos bebês à infecção, seus cuidadores devem ser priorizados para a vacinação.
Fonte: Polêmica Paraíba com Revista Crescer
Créditos: Polêmica Paraíba