Sem Fausto Silva, que anunciou na segunda (25) sua saída da Globo após 32 anos, e provavelmente sem Luciano Huck, que deve trocar a carreira televisiva pela vida política, a emissora carioca perde em 2020 os dois principais nomes de sua grade aos finais de semana. É a oportunidade perfeita para a líder de audiência se mexer (mesmo que à força) e renovar seus talentos com nomes pinçados da concorrência.
A situação remete ao que ocorreu em 1999. Naquele ano, a Globo “quebrou a política de boa vizinhança” e fez a maior investida de sua história a apresentadores de emissoras rivais. Contratou Jô Soares e Serginho Groisman, que estavam no SBT, Ana Maria Braga, sucesso de público e de faturamento na Record, e o próprio Luciano Huck, um fenômeno com os adolescentes na Band.
Curiosamente, naquela ocasião Marluce Dias da Silva havia acabado de assumir a direção-geral da emissora e decidiu marcar seu comando com uma grande transformação. Agora, é a vez de Ricardo Waddington tomar os controles e dar uma nova cara para a programação.
Em 1999, a Folha de S. Paulo havia apontado que o avanço da líder de audiência aos rivais era uma maneira de a própria Globo reconhecer sua incapacidade para lançar novos apresentadores. Mais de duas décadas depois, o problema se repete: quem, no quadro de contratados da emissora, teria o carisma de Fausto Silva e a destreza para comandar um programa de auditório tão longo?
A opção óbvia seria Luciano Huck. Mas o marido de Angélica já deu bons indícios de que seus planos para o futuro estão na presidência da República e não em uma atração semanal. Márcio Garcia, cotado para apresentar o substituto do Caldeirão, já parece uma opção controversa para os sábados da Globo, que dirá para as tardes de domingo.
Talvez seja a hora de a emissora perceber que, às vezes, a grama do vizinho é mais verde por um bom motivo, e olhar com carinho para Marcos Mion. O apresentador de 41 anos já se provou tanto com auditório, com o Legendários (2010-2017), quanto em formatos adquiridos. Vide seu bom desempenho à frente de A Fazenda, que bateu com frequência a Globo na audiência em 2020.
Seria uma volta ao lar do filho pródigo, que estreou na TV como ator da série Sandy & Junior (1999-2002) antes de assumir programas na MTV Brasil, na Band e na Record. E, como tem passado na atuação, Mion mandaria bem nas eventuais participações que precisaria fazer em novelas – como as aparições de Ana Maria, Fátima Bernardes e do próprio Faustão nas tramas ficcionais.
Se optar por apresentadores que dominam o auditório, sem perder a conexão com os telespectadores, a Globo tem mais três bons nomes nas rivais. Do SBT, tanto Celso Portiolli quanto Eliana se provaram em seus respectivos programas e merecem convites para voos mais altos – já que, aparentemente, Silvio Santos decidiu apostar na filha Patricia Abravanel, e não nos contratados de longa data, para substituí-lo como carro-chefe da emissora.
Da Record, além de Mion, outro que chama a atenção é Rodrigo Faro. O ex-Dominó, que também foi ator da Globo, retornaria para o Rio de Janeiro com uma sensação de justiça. Afinal, ele só deixou a sua antiga emissora em 2008 porque ouviu de diretores da casa que não havia nenhum espaço na grade para ele exercitar seu lado apresentador.
O futuro da grade da Globo ainda é nebuloso, mas uma coisa é certa: ninguém, de nenhuma emissora, tem capacidade para assumir o Domingão ou o Caldeirão. São dois programas com a cara de seus comandantes, e insistir em novos apresentadores para os formatos já conhecidos seria um grande tiro no pé. Melhor experimentar algo totalmente diferente – até para tentar impedir as inevitáveis comparações com Faustão e Huck.
Fonte: Notícias da TV
Créditos: Notícias da TV