Há quem insista em não compreender que cultura é manifestação plural de talentos, ideias e pensamentos de uma sociedade. A obsessão por ideologizar tudo o que faz, estimula a dinâmica da polarização de forma a produzir conflitos culturais. Pautas conservadoras são intensificadas, em detrimento do exercício da liberdade de expressão e da produção intelectual e artística. É preciso entender que “cultura não é partido político”.
Há a necessidade de que tenhamos uma cultura com consciência social. A guerra contra a inteligência está explicitamente declarada, quando se promove censura às manifestações que contrariem o pensamento ideológico dos que estão no poder. Tentar exercer um controle no acesso à produção cultural, condicionando-a à observância dos conceitos e valores propositadamente definidos, tem o objetivo de manipular a sociedade, ignorando a nossa pluriculturalidade.
A grande mídia cumpre a sua parte ao produzir a “cultura de massa”, atendendo aos interesses dos poderes econômico e político, sem levar em conta a necessária qualidade cultural democrática. O agente cultural é um mobilizador social. Talvez seja exatamente isso que assusta os governos autoritários. O medo de que a opinião pública seja chamada a refletir sobre temas que os detentores do poder preferem manter fora dos debates. Os poetas, músicos, escritores, pintores, artistas em geral, sabem que têm o dever de refletir sobre os problemas sociais que interferem na vida de sua comunidade. Daí as decisões de dificultar suas ações no campo intelectual e artístico.
O Estado tem a obrigação de assegurar o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional. Isso é determinação constitucional. Portanto, não podemos perder a dimensão do nosso poder de contestação e crítica, sob pena de nos destituirmos da possibilidade de reação no campo da política, economia, arte e ética.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Polêmica Paraíba