O governo tem monitorado a possibilidade de mobilização de caminhoneiros, que tentam organizar uma greve no próximo dia 1 de fevereiro. Segundo ministros ouvidos pela coluna, no entanto, a situação é de “tranquilidade” e não há, no momento, a sinalização de grande adesão pela categoria.
Membros do governo dizem ainda que não vão abrir mão de aplicação de multas para evitar que haja fechamento de rodovias. “Não vamos permitir trancamentos de pistas, vai ter multa pesada”, disse um ministro, que preferiu falar na condição de anonimato.
As negociações estão sob responsabilidade do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, mas diversas outras pastas estão acompanhando os movimentos da categoria: Casa Civil, Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ministério da Justiça e Advocacia-Geral da União têm articulado ações e conversas com intuito de mitigar efeitos de uma possível greve.
Em relação à pauta de reivindicações, fontes do governo afirmam que nem tudo pode ser atendido, mas que há espaço para diálogo. Somente o ministro da Infraestrutura, por exemplo, participa de mais de 40 grupos de WhatsApp com caminhoneiros.
Além de tentar destravar o preço mínimo do frete, que está sob responsabilidade do STF (Supremo Tribunal Federal), os caminhoneiros exigem, por exemplo, o fim do Preço e Paridade de Importação (PPI) do Petróleo. Segundo o governo, no entanto, esse ponto não é negociável, pois representaria uma interferência direta na Petrobras.
Medidas em estudo
Entre as medidas que o governo pretende avançar neste ano estão a melhoria e facilitação no documento de transporte eletrônico, a ampliação de bancarização de caminhoneiros e a revisão das normas de pesagem. Há também articulações para anúncios que contemplem aos trabalhadores, como eventualmente oferecer prioridade para a vacinação de caminhoneiros contra o coronavírus.
Segundo os ministros, no entanto, essas proposições não têm relação direta com ameaça de greve. “Temos uma agenda regular de pauta, que visa diminuir o custo Brasil, mas nossa linha não é movida por ameaças, temos fórum permanente de discussões com diversos setores e os caminhoneiros também fazem parte”, disse um auxiliar do presidente Jair Bolsonaro.
Categoria descentralizada
Um dos pontos que o governo apresenta para justificar a suposta tranquilidade com a mobilização é que a categoria é desmobilizada. Os membros do governo alegam ainda que há diversas lideranças e muitos autônomos no setor.
Nesta quarta-feira (13), o presidente da Associação Nacional do Transporte Autônomos do Brasil (ANTB), José Roberto Stringasci, disse ao Broadcast (serviço em tempo real da Agência Estado) que a paralisação de fevereiro poderá ser maior do que a realizada em 2018, devido ao grau crescente de insatisfação da categoria, principalmente em relação ao preço do Diesel e às promessas não cumpridas após a greve no governo Michel Temer.
À coluna, o caminhoneiro autônomo Marconi França diz que acompanha com os colegas a possibilidade de greve e que pretende aderir ao movimento. “A turma está inflamada e estão mobilizados sim para uma possível paralisação”, afirmou.
Segundo ele, o governo Bolsonaro “literalmente deu as costas a uma categoria que o apoiou em massa”. “E essa é uma das revoltas da categoria”, disse.
O presidente do Sindicato dos Transportadores de Combustíveis do Rio de Janeiro, Ailton Gomes, por sua vez, afirma que a categoria deveria pressionar e se preocupar com o julgamento do preço mínimo do frete, que está parado no STF (Supremo Tribunal Federal). “Não é momento de greve, estamos passando por um momento de pandemia”, disse à coluna.
Fonte: UOL
Créditos: Polêmica Paraíba