Encontrei essas explicações sobre o que seja um “mito”, num trabalho acadêmico que tem como autora Elideusa Mendes da Costa, escrito em 2003. Achei muito interessantes e adequadas ao contexto político nacional que estamos vivendo:
“O termo já encerra em si grandes contradições: ora como “mentira”, ora como a verdade íntima escondida atrás de um véu, o mito para muitos nega a razão e a realidade, ainda que quase sempre não haja um questionamento profundo sobre esses dois conceitos. Há tantas definições para o termo quantas as diversas dinâmicas de compreensão do homem face ao mundo em que vive. O mito não nega a razão, mas apodera-se dela de tal forma que a recria e a transcende suscitando, desse modo, diversas realidades em diferentes “mundos” do pensar: O mito é sempre uma incógnita, uma cortina meio transparente, uma forma de dizer tudo revelando muito pouco; enfim, uma grande metáfora.
Nenhum mito surge do nada ou da simples vontade de existir; sua origem ou localização temporal dos fatos de que falam são questões bastante complexas. Ao utilizarmos métodos limitados de interpretação, reduzimos o mito a definições que o apresentam como simples fantasia ou fato ilusório. Mircea Elaide, um estudioso dos mitos e das religiões, afirma que “nas sociedades em que o mito ainda está vivo, há uma distinção cuidadosa entre histórias verdadeiras e histórias falsas”
A palavra mito se usa habitualmente como sinônimo de crença dotada de validade mínima e de pouca verossimilhança. Neste sentido, mito indica algo de irreal e inatingível, como quando se diz, por exemplo,
“O mito não encontra, de maneira nenhuma, adequada objetividade no discurso” (Nietzsche, F. Origem da Tragédia. Lisboa 1972, p. 128).
O empirismo científico nos acostumou a considerar o mito como um conhecimento “irracional” e infundado, produto de uma atividade intelectual pré-lógica”.
Fonte: POLÊMICA PB
Créditos: RUI LEITÃO