Impunidade

Samarco retoma atividades em Mariana, 5 anos após rompimento da barragem

Desde 2015, ninguém foi julgado, nenhuma casa foi entregue e recuperação ambiental não foi concluída

As atividades da mineradora Samarco foram retomadas na quarta-feira (23) em Mariana, Região Central de Minas Gerais, cinco anos depois do rompimento da Barragem de Fundão.

A retomada das atividades da mineradora havia sido confirmada pelo prefeito da cidade, Duarte Júnior (Cidadania), em uma postagem em suas redes sociais. Porém, a Samarco havia dito que estava fazendo testes e negou que tinha retomado também a produção de minério.

Segundo a mineradora, a extração de minério foi reativada no dia 18 de dezembro, no Complexo de Germano, onde ficava a Barragem de Fundão, que se rompeu.

“Tomamos a decisão de retornar de uma forma gradual, com muita segurança e usando novas tecnologias. Este momento reflete o compromisso da empresa com o reinício sustentável, a segurança operacional, o meio ambiente e o relacionamento com as comunidades. Estamos comprometidos com uma mineração moderna, segura e sustentável”, destacou o diretor-presidente da Samarco, Rodrigo Vilela.

A licença para retorno das operações foi concedida em outubro do ano passado.

Em 5 de novembro de 2015, a tragédia matou 19 pessoas, poluiu o Rio Doce e destruiu os vilarejos Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira. Desde então, ninguém foi julgado, nenhuma casa foi entregue aos atingidos e a recuperação ambiental ainda não foi concluída.

Letícia Oliveira, do Movimento dos Atingidos por Barragens disse, em entrevista ao G1, que Samarco “não resolveu os problemas que eles criaram”.

“A Samarco voltou a funcionar, mas não resolveu os problemas que elas criaram. Milhares de famílias que não foram nem reconhecidas e nem cadastradas como atingidas. Em Mariana, temos o problema do reassentamento que não tem nem previsão”, disse Letícia Oliveira, do Movimento dos Atingidos por Barragens.

Em um comunicado, no dia 11 de dezembro, o prefeito da cidade disse que a volta das atividades da Samarco será “positiva” para a cidade:

“Nossa economia vem melhorando, dentro do possível, mas reconheço a importância da mineradora na geração de emprego neste momento e tenho a certeza que o reflexo deste retorno será positivo para milhares de famílias e, consequentemente, para toda cidade”.

26% da capacidade

A mineradora informou ainda que vai voltar a operar com 26% de sua capacidade, uma produção prevista de oito milhões de toneladas de minério de ferro por ano. A previsão é que a empresa atinja a capacidade total em nove anos.

Em nota, a Fundação Renova, criada pela Vale, BHP Billiton e Samarco para executar projetos de reparação de danos da tragédia, disse que permanece dedicada ao trabalho de reparação dos danos provocados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. Segundo ela, até 30 de setembro de 2020 foram destinados R$ 10 bilhões para ações de recuperação.

Ainda segundo a fundação, a água do Rio Doce já pode ser consumida e serão reflorestados 40 mil hectares de Mata Atlântica na bacia.

A mineradora afirmou que “o reinício gradual acontece após a empresa obter licenças ambientais aprovadas por órgãos competentes e incorporar novas tecnologias para disposição final de rejeitos – cava confinada e sistema de filtragem de rejeitos para empilhamento a seco”.

Fonte: G1 e Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba