Reaproximação entre PSB e PMDB divide lideranças políticas

Nonato Guedes

Fontes palacianas asseguram que há mesmo interesse da parte do governador Ricardo Coutinho (PSB) em recompor sua base de sustentação política, com a atração, inclusive, de forças adversárias, daí os acenos que estariam sendo feitos, antecipadamente, em direção ao PMDB. O chefe do Executivo começa a se preparar para o planejamento da campanha à reeleição em 2014 e tem interesse em compensar perdas sofridas no pleito municipal deste ano, como, por exemplo, em João Pessoa, onde o antigo “Coletivo RC” dissolveu-se com o rompimento do prefeito Luciano Agra e do jornalista Nonato Bandeira. Ambos, que pretendiam disputar a prefeitura, sentiram-se ‘rifados’ pelo governador e acabaram se compondo com o deputado Luciano Cartaxo, do Partido dos Trabalhadores, que emergiu vitorioso derrotando o senador Cícero Lucena. Nonato Bandeira, filiado ao PPS, é o vice de Cartaxo, e terá autonomia garantida na futura administração a ser empossada em janeiro, de acordo com as limitações inerentes ao cargo, como deixou claro o prefeito eleito. Agra, que é tido como uma das peças decisivas para a eleição de Cartaxo, por ter assumido o combate frontal ao governo Ricardo Coutinho, não tem papel definido, até agora, na moldura do novo quadro de forças políticas. Mas foi convidado a ingressar no Partido dos Trabalhadores, com aceno de vaga para disputar mandato em 2014. O prefeito, atualmente, está sem partido, desde a sua desfiliação do PSB, por incompatibilidade com Ricardo.

Nas últimas horas, a hipótese de uma composição entre o PSB e o PMDB em 2014 ganhou vulto com declarações enfáticas do presidente regional socialista, Edvaldo Rosas, sinalizando nessa direção. A sua justificativa foi a de que, em outras disputas, Maranhão e Ricardo estiveram juntos, o que criaria um precedente para a hipótese de reaproximação. A tese não é consensual, todavia, no PMDB.

O deputado Gervásio Filho refutou categoricamente a perspectiva de recomposição, salientando que há uma nova correlação de forças no cenário local e que as decisões devem ser analisadas com base nesse diagnóstico. Por outro lado, Gervásio alerta que o PMDB aposta fichas na candidatura do prefeito Veneziano Vital, de Campina Grande, a governador, enquanto Ricardo Coutinho será candidato à reeleição, o que tornaria impraticável a tese da aliança. Outros interlocutores peemedebistas defendem que a agremiação busque interlocutores diferentes para as próximas eleições. Partem do princípio de que dificilmente será reeditada a aliança com o Partido dos Trabalhadores. O prefeito eleito da capital, Luciano Cartaxo, operou uma guinada na política de composições na eleição municipal deste ano, o que deverá ter reflexos inevitáveis em 2014. Preferiu compor-se com o PPS, ao qual Nonato Bandeira é filiado, a dissidentes do PSB como Luciano Agra e a dissidentes do PMDB, que no segundo turno o apoiaram, em virtude da derrota sofrida por José Maranhão, que ficou em quarto lugar na primeira etapa. A dificuldade está em identificar quais as parcerias que o PMDB pode construir. Ricardo Coutinho, ao mesmo tempo em que faz acenos ao PMDB, sinaliza para uma aproximação mais forte com o PSDB, que envolva o próprio senador Cícero Lucena, derrotado no segundo turno e com prazo de validade para o mandato atual, que expira em 2014.

Há partidos flutuando na órbita de agremiações que se julgam mais consolidadas no cenário político paraibano. Este é o caso do PEN, o Partido Ecológico Nacional, presidido pelo deputado Ricardo Marcelo, que também dirige a Assembleia Legislativa da Paraíba e que conseguiu aglutinar uma dezena de parlamentares insatisfeitos com legendas a que pertenciam, a exemplo do PSDB e do DEM. Ricardo Marcelo continua sendo cogitado como alternativa para concorrer à única vaga de senador em disputa em 2014, mas avalia o cenário com muito cuidado. O único ponto que ele admite é que, passadas as eleições municipais, quando os deputados ficaram liberados para se posicionar de acordo com a situação nas suas áreas, o PEN deverá unificar posição, sem especificar, porém, qual será o direcionamento que a legenda pretende tomar. Em paralelo, corre o PSD, presidido pelo vice-governador Rômulo Gouveia, que, pessoalmente, sonha com a hipótese de continuar na chapa de Ricardo, em caso de reeleição em 2014, mas não tem certeza desse vaticínio. Rômulo pretende fazer um encontro com as lideranças para acertar posições. O DEM, teoricamente, continuará alinhado a Ricardo Coutinho, mas há partidos que saíram divididos da última disputa, como o PTB presidido por Armando Abílio e o PDT dirigido pelo deputado federal Damião Feliciano.