Esquerda perde espaço

Paulo Santos

Na entressafra 2010-2012, com uma eleição geral e uma municipal no meio, emergiram alguns partidos à superfície política do Brasil. O maior destaque foi para o PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, criado como válvula de escape para aqueles que queriam se livrar das amarras de outros condomínios maiores, como PSDB e PMDB, entre outros.

Se o PSD surgiu sem qualquer comprometimento ideológico – como é praxe no quadro político brasileiro – o PEN nasceu com um nome pomposo – Partido Ecológico Nacional – que, em tese, poderia diferenciá-lo dos mais antigos porque o atrelava a um sentimento de preservação da natureza.

Mas o PEN também mostrou que é apenas mais uma janela para que várias lideranças possam nela se debruçar para observar o futuro de suas aspirações e, se possível, dar-lhes inspiração para novas manobras na luta pelo poder. Na Paraíba é a maior bancada da Assembleia e não se ouviu, até hoje, um só discurso em favor da ecologia.

A existência de muitos partidos, ao contrário do que muitos imaginam, não é prejudicial à vida política do país. Servem para amparar as inúmeras variáveis que oxigenam a inteligência nacional. É prejudicial, porém, quando resvala para a promiscuidade, como se tem visto no Brasil ao longo dos anos.

É necessário, contudo, ver como os estudiosos conseguem bisbilhotar os arcabouços das eleições e distinguem detalhes importantes para a compreensão do eleitor sempre que pé chamado às urnas. Levantamentos preliminares i dicam que o Brasil caminha para o campo da direita e castiga fortemente o que se convencionou chamar de “esquerda”.

A direita tem sido execrada, neste país, desde que sua história começou a ser escrita, sobretudo porque a elite intelectual demonstra simpatias para teses esquerdistas enquanto os direitistas – conservadores, reacionários, etc. – estariam mais preocupados com suas contas bancárias.

As eleições de 2012 podem ter detonado um processo de esvaziamento da esquerda, inclusive porque o eleitorado começou também a dar mostras de distanciamento do PT e do ex-presidente Lula. O famigerado mensalão pode ter pragmaticamente colaborado para estimular a mudança de comportamento do eleitorado.

Só o tempo poderá distinguir que direita e que esquerda irão se enfrentar nas próximas oportunidades, mas desde já cabe aos líderes políticos perceber as nuances nesse cenário não muito cristalino. Seria bom perceberem que há um outro olhar sobre o comportamento dos políticos, apesar de se saber que as prováveis mudanças serão lentas, praticamente imperceptíveis.

A decantação nesse processo fez com que o Brasil chegasse a alguns instrumentos jurídico inéditos no mundo, como são as leis da Ficha Limpa e da Responsabilidade Fiscal. São ferramentas sobre as quais o eleitor comum não tem participação direta, pois exigem a intervenção de instituições formais – portando comprometidas com o status quo – como o Judiciário e o Ministério Público.

Se os partidos não correspondem ás expextativas, se não há definição ideológica e apenas a conscientização son influência da mídia são somente fatores de análise, mas o eleitor vai em busca de sua própria consciência para votar. A ação é melhor que o falatório. Eis porque os que se rotulam de esquerdistas estão perdendo espaço.

DONO DA ELEIÇÃO
As eleições de 2012 já terminaram, certo? Errado. Para o TSE – que se autoproclama de “Tribunal da Democracia” – mantém peças publicitárias institucionais sendo veiculadas no rádio e na TV sobre o processo eleitoral deste ano. Nem o Congresso Nacional, onde estão os principais interessados em eleições, consegue essa proeza de babaquice.