Um dos maiores nomes da dramaturgia no Brasil, o ator e agora escritor Antônio Fagundes fez uma análise sombria sobre a atualidade da novela “Vale Tudo”, exibida no final da década de 1980, na TV Globo. Na trama, ele interpretou o personagem Ivan Meirelles.
“Infelizmente, a novela continua atual. O Brasil não evoluiu em absolutamente nada de lá pra cá. Esse era o mérito na época e continua sendo hoje. A novela foi reprisada com extraordinário sucesso porque as pessoas reconheciam a realidade brasileira. Então, isso é um dos méritos dessa novela”, disse em entrevista ao programa “Conversa com Bial”, da TV Globo, que foi ao ar nesta quarta-feira (9).
A novela, escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, e direção de Dennis Carvalho e Ricardo Waddington, foi ao ar pela primeira vez entre maio de 1988 e janeiro de 1989. Nesses 32 anos, a história foi reexibida por três vezes na TV, foi lançada em DVD e integra o catálogo do Globoplay, serviço de streaming da Globo.
Um dos principais fatores que contribuiu para o sucesso da trama, que contava no elenco com nomes de peso como Regina Duarte, Glória Pires, Beatriz Segall, Daniel Filho, Reginaldo Faria e Renata Sorrah, foi a ousadia ao criticar a situação do país, o que a mantém atual até hoje. Aspectos como corrupção e falta de ética eram o fio condutor da novel, que denunciava a inversão de valores no país do fim dos anos 1980.
Para o escritor Aguinaldo Silva, “Vale Tudo” fez história ao abordar o Brasil da época:
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— Mostramos o momento que o país vivia. Era aquela coisa de todo mundo querer levar vantagem em tudo. Deu no que deu. É o que vivemos agora. A novela levantou a lebre, mas a lebre continuou saltitando até chegarmos ao descalabro geral em que se transformou a nossa vida pública.
Em entrevista ao Estadão antes da estreia da atração, o autor Gilberto Braga afirmou que “a novela não é sobre trambiques, e sim sobre ética – se vale a pena ser honesto, se quem é honesto consegue vencer. Não quero fazer uma denúncia e sim divertir, mas toda história tem uma moral”.
Fonte: Polêmica Paraíba com UOL e Estadão
Créditos: Polêmica Paraíba com UOL e Estadão
