Se o Brasil mantiver apenas os acordos atuais com produtoras de vacinas contra a covid-19 pelo mundo, o país terá de esperar mais dois anos para conseguir distribuir doses suficientes para que haja uma imunidade de rebanho (parcela da população suficiente para amenizar o contágio) na sociedade brasileira.
A constatação é de um estudo realizado pela consultoria britânica Airfinity e apresentado nesta semana em um evento com os principais executivos de empresas farmacêuticas do mundo, como Pfizer e Johnson & Johnson. A Airfinity se apresenta como “uma empresa de informação científica e de análise” e que trabalha com multinacionais, governos e investidores no fornecimento de inteligência em ciências.
De acordo com o levantamento, apenas em dezembro de 2022 é que o Brasil conseguiria ter distribuído vacinas para 67% de sua população. Essa é a taxa considerada como mínima para que um freio brusco seja imposto sobre a transmissão do vírus.
O mesmo estudo revela que o Brasil teria como atingir 20% de sua população com vacinas até outubro de 2021. Essa marca é considerada como importante, já que permitiria atender aos três principais grupos de risco: idosos, doentes crônicos e profissionais de saúde.
O cálculo é feito a partir dos atuais acordos assinados pelo Brasil e sua capacidade de produção. Para a entidade, no quadro de hoje isso significa que haverá 1,2 dose por habitante no país. Mas uma imunização robusta vai requerer duas doses por pessoa.
A consultoria explicou à coluna que, para chegar a tal projeção, ela considerou o acordo com a Oxford fechado pelo governo federal, o acordo entre o Instituto Butantan e a Sinovac, da China, e uma reserva de vacinas na aliança mundial, conhecida como Covax. Mas o consórcio, por pedido do governo, vai entregar vacinas para atender a apenas 10% da população nacional, distribuídas ao longo de todo o ano de 2021.
Apesar de quadro crítico, EUA devem ser primeiro país imunizado
O cálculo da empresa de consultoria não inclui o anúncio do governo federal de que está negociando um abastecimento de 70 milhões de doses de vacinas com a Pfizer. Se tal acordo for fechado, o período necessário para a imunização seria reduzido.
Na semana passada, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, insistiu que o Brasil tem garantidas 300 milhões de doses de vacinas. As primeiras 15 milhões de doses de Oxford chegariam entre janeiro e fevereiro. Segundo ele, até meados do ano, seriam outras 85 milhões.
Pelas projeções da consultoria, o país que primeiro poderia sair da crise sanitária seria os Estados Unidos. Apesar de hoje viver uma situação dramática em termos novos casos e mortes diárias, as autoridades americanos contam com o maior número de acordos comerciais com empresas farmacêuticas. A previsão, portanto, é de que uma imunização mais ampla ocorra no segundo trimestre de 2021.
O Canadá, que comprou vacinas para 600% de sua população, poderia chegar a uma imunização em julho. O Reino Unido também deve atingir esse grau de normalização em julho de 2021, mesmo sendo o primeiro país no Ocidente a começar uma campanha de vacinação nesta terça-feira (8).
Fonte: UOL
Créditos: UOL