Sempre polêmico, Mike Tyson ativou o modo “sincerão” em entrevista coletiva após luta exibição contra Roy Jones Jr., que terminou com empate simbólico na noite deste sábado. Depois de torrar fortuna de US$ 400 milhões, o pugilista se recuperou investindo em uma empresa de maconha. E Tyson, claro, não foi poupado do assunto pelos jornalistas. Sem qualquer constrangimento, ele respondeu que é usuário assíduo e que, inclusive, fumou antes de entrar no ringue contra RJJ.
– Escute, não consigo parar de fumar. Fumei durante as brigas. Só preciso fumar, desculpe. Sou fumante, fumo todos os dias. Nunca parei de fumar. É apenas quem eu sou. Não tem nenhum efeito sobre mim de um ponto de vista negativo. É apenas o que eu faço, como sou e como vou morrer. Não há explicação. Não há começo, não há fim – revelou.
Vale destacar que de certa forma o fato de não ser uma luta profissional, mas, de exibição deu margem para que o boxeador fumasse de forma “legal”. Isso porque a Associação Antidopagem Voluntária chegou a testar os lutadores quanto a drogas para melhorar o desempenho antes da luta, mas a maconha não estava na lista de substâncias proibidas.
Aliás, quando questionado sobre qualquer benefício no rendimento por conta da maconha, ele respondeu: “Não, apenas me entorpece, não diminui a dor”.
Tyson comentou ainda que tem amadurecido muito nos últimos anos, há pelo dois não faz o uso de cocaína. O pugilista disse ainda que está mudado, citou orgias e luta por “propósito”.
– Não estou aqui por causa do meu ego. Meu ego está pegando o dinheiro, comprando alguns aviões, algumas casas bonitas com um monte de garotas e tendo algumas orgias e outras coisas. Este não é quem sou agora. Aquele cara era apenas alguém que tinha que ser, eventualmente ele foi uma plataforma para se tornar eu – disse.
Relação maconha e os EUA
O consumo para fins recreativos é liberado no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, desde 2018, onde o pugilista tem a “Tyson Holistic”, empresa que investe em produtos relacionados à erva, e também onde foi realizada a luta exibição, em Los Angeles, no Staples Center. O uso recreativo da maconha no país é legal em 11 estados e em Washington, a capital. Sua utilização para fins médicos foi legalizada em 34.
Por ser uma luta de exibição, não houve contagem de pontos. Cada um dos oito rounds teve apenas dois minutos de duração. Tudo para tentar manter a integridade física dos dois pugilistas. Tyson, porém, foi mais agressivo e tentou o nocaute a todo instante, mesmo quando o cansaço batia. Do outro lado, Jones, que sempre foi conhecido pela rapidez de seus movimentos, freou o rival e amarrou a luta sempre que pôde. No fim, os dois festejaram a possibilidade de subir ao ringue uma vez mais.
– Eu estou feliz com isso (um empate). Eu acho que consegui entreter as pessoas, as pessoas estão felizes comigo. Às vezes esse dois minutos (por round) parecem três (risos). Com certeza, vou fazer isso de novo. Estou tão feliz de ter ido até o oitavo round. Nocaute não significaria nada. Para mim é mais significativo conseguir lutar oito rounds, saber que poderia lutar dez – disse Tyson após a luta.
Foram 15 anos longe de seu habitat natural. Neste sábado, Tyson voltou aos ringues e tentou reviver os melhores dias de sua carreira. Na subida ao ringue, a tensão estava estampada no rosto dos dois pugilistas. Ao soar o gongo para o início, Tyson tomou a iniciativa e partiu para o ataque contra Jones. Ainda que não houvesse contagem de pontuação, Tyson mostrou força e dominou o primeiro round.
No quinto round, Tyson achou o caminho para atingir Jones. O pugilista conseguiu uma boa sequência de golpes, e o rival pareceu sentir mais, mas conseguiu se manter de pé. Foi assim até o fim. No último dos oito rounds, Tyson partiu para cima e fez a tentativa derradeira de um nocaute que não veio. No encontro de lendas, ninguém saiu vencedor.
Mike Tyson é considerado um dos maiores nomes do esporte de todos os tempos. Ao aliar talento e polêmicas, o boxeador se transformou em uma espécie de ícone da cultura pop – para o bem e para o mal. Com um cartel de vitórias emblemáticas e derrotas catastróficas, Tyson estava longe dos ringues desde 2005, quando foi derrotado pelo irlandês Kevin McBride.
Com apenas 20 anos, Mike Tyson tornou-se o mais jovem campeão mundial dos pesos pesados e construiu um cartel impressionante ao longo da carreira. Foram 58 lutas, 50 vitórias e 44 delas por nocaute.
Roy Jones Jr., por sua vez, é conhecido como Capitão Gancho, por conta da potência de seu golpe. Ele tem 66 vitórias, sendo 47 nocautes, e nove derrotas. Seu último embate havia sido em 2018, em triunfo contra o compatriota Scott Sigmon. Ele é ex-campeão dos médios e dos super-médios. Mas se destacou mesmo na categoria dos meio-pesados, conquistando o cinturão das principais organizações do boxe. Em 2003, ele chegou a recusar uma luta milionária contra Mike Tyson. O pugilista ainda soma uma prata olímpica, conquistada em 1988, nos Jogos de Seul.
O adolescente problemático se transformou em uma lenda do boxe. Com apenas 20 anos, Mike Tyson tornou-se o mais jovem campeão mundial dos pesos pesados e construiu um cartel impressionante ao longo da carreira. Mas a trajetória do boxeador também foi marcada por muitas confusões, polêmicas e crimes. Em 1992, foi condenado a seis anos de prisão por abusar sexualmente da miss Desiree Washington. Cumpriu metade da pena e foi liberado em março de 1995 devido ao bom comportamento.
Após ser solto, Tyson voltou a lutar e vencer. Pouco tempo depois, em 1997, protagonizou um dos episódios mais agressivos da história do boxe ao morder a orelha de Holyfield durante uma luta, sendo desclassificado e banido por um ano das competições. Fora dos ringues, seguiu tendo passagens pela polícia por acusações de agressões e porte de drogas. Um desses episódios foi no Brasil, em 2005, quando agrediu um cinegrafista e foi detido. Neste mesmo ano, depois de duas derrotas, se aposentou do boxe.
Fonte: GE
Créditos: GE