Rodrigo admite Agra como opção do PT ao governo

Nonato Guedes

O presidente do diretório regional do Partido dos Trabalhadores na Paraíba, Rodrigo Soares, admite que a agremiação, depois da vitória expressiva alcançada nas eleições para prefeito de João Pessoa, que projetaram este ano a ascensão do deputado estadual Luciano Cartaxo, vai se estruturar para disputar o governo do Estado em 2014 em condições de igualdade com outras agremiações. Para ele, o PT vive uma nova fase, coincidindo com a retomada do seu protagonismo político no maior colégio eleitoral, depois de vir a reboque de outras legendas em sucessivos pleitos majoritários estaduais anteriores. “Devemos aproveitar essa capilaridade obtida nas urnas para colocar a legenda em evidência no plano estadual, recuperando o tempo perdido em outras eleições”, avaliou Rodrigo Soares. Ele não descarta a hipótese do atual prefeito da capital, Luciano Agra (sem partido) vir a ser adotado como candidato próprio ao governo, dependendo da evolução das discussões internas e da própria filiação do alcaide ao Partido dos Trabalhadores. A respeito da filiação, Cartaxo revelou que a ficha para assinatura de Agra está pronta, dependendo dele uma tomada de posição.

O movimento em torno da candidatura própria do PT ao governo do Estado foi provocado pelo deputado estadual Anísio Maia, que coordenou a campanha de Luciano Cartaxo à prefeitura. Anísio, que já foi militante do PT, tendo sido presidente da seção jovem do partido, entende que está superado o período de subordinação do PT a outras agremiações. “Temos espaços reais para fortalecer o Partido dos Trabalhadores, a partir de estratégias realistas e sintonizadas com o interesse popular”, argumenta o parlamentar. O prefeito eleito Luciano Cartaxo ressaltou em entrevista, ontem, a colaboração importante que Luciano Agra emprestou à sua campanha, desde o momento em que resolveu apoiá-lo, rompendo com o esquema do governador Ricardo Coutinho, do PSB. A tese expansionista do PT agrega outras lideranças com atuação na Assembleia e nos municípios. A Comissão executiva municipal de João Pessoa emitiu resolução, avaliando que o partido saiu mais forte das eleições de 2012. O documento chega a afirmar que a eleição de Cartaxo significou a maior vitória obtida pelo PT paraibano ao longo de 32 anos de história e não deixa de fazer referência ao arco de forças que juntou partidos como o PRB, PP, PPS e PSC.

O prefeito eleito confirmou que vai se licenciar do mandato para cuidar do processo de transição e da definição dos nomes que irão compor o secretariado. Ele será substituído no cargo pelo pastor Jutahy Menezes, do PRB, integrante da Igreja Universal do Reino de Deus, que na campanha permaneceu quatro meses no mandato titular, substituindo a Anísio Maia, que foi designado coordenador da campanha de Luciano Cartaxo. Com a renúncia de Luciano para se investir na prefeitura em janeiro de 2013, Jutahy será efetivado plenamente no mandato. A equipe de transição que subsidiará Cartaxo será anunciada na próxima semana. O prefeito eleito resolveu descansar por quatro dias em companhia da família para se refazer da maratona da disputa eleitoral em que produziu uma reviravolta, derrotando o ex-governador José Maranhão, o senador Cícero Lucena e a candidata Estelizabel Bezerra, apoiada pelo governador Ricardo Coutinho. Luciano Cartaxo disse que o vice-prefeito eleito Nonato Bandeira, do PPS, não terá papel decorativo na sua gestão, mas receberá missões para cumprir. Bandeira, tido como um dos dos mais articulados estrategistas políticos, desistiu da candidatura própria a prefeito e se compôs com Cartaxo, sendo adotado como vice. O prefeito eleito não descartou o aproveitamento de auxiliares da gestão Agra que “tenham dado certo nos cargos exercidos”.