Os cerca de 207 mil consumidores de energia do Amapá ainda passam por prejuízos por causa dos 21 dias sem energia elétrica ao qual o Estado foi ‘vítima’ ao longo de novembro. O apagão foi provocado por um incêndio em um transformador da empresa Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE). A energia foi reestabilizada na terça-feira (24).
No próprio setor elétrico há quem comece a fazer as contas do estrago. É o caso da distribuidora de energia Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), que não tem relação com o problema, mas depende das redes de transmissão para abastecer o Estado. As informações são do jornal O Estado de São Paulo.
O jornal teve acesso a um ofício que Marcos do Nascimento Pereira, o presidente da CEA, enviou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no dia 16, para relatar os reflexos do blecaute. No documento, a empresa relata que está mergulhada em uma “situação financeira caótica”, porque o consumo caiu drasticamente nos últimos 20 dias, problema que se soma à forte inadimplência, que está na faixa de R$ 200 milhões.
“O Estado do Amapá está passando por uma grave crise energética decorrente de fatos alheios à prestação de serviço de distribuição de energia, já que os fatos que originaram o apagão não são da concessão da distribuidora. Contudo, tal fato tem colocado a CEA em uma situação financeira caótica, já que além de ter de dispor de suas equipes para atendimentos, enquanto não houver o insumo a ser distribuído, inexistente é a cobrança de tarifa”, diz trecho do documento.
Reflexo
Com o apagão iniciado em 3 de novembro, a empresa relata que só conseguiu suprir 15% da demanda diária de energia. Esse volume passou para 65% a partir do dia 7, quando parte do abastecimento foi retomada, mas sempre oscilando, diariamente. O reflexo nas contas foi imediato.
“Em razão dos fatos narrados, a previsão é de que o faturamento de novembro/2020 caia 30% (devido ao racionamento) e a arrecadação 47%, uma vez que no período pós-apagão esse despencou”, afirma, no texto, o presidente da CEA.
A distribuidora de energia relata ainda que “vem amargando um desequilíbrio financeiro sistêmico de longas datas, a ponto de pôr em risco a frágil qualidade do serviço prestado”. Menciona que, enquanto houve uma redução no custo da energia de 1,56% para o consumidor residencial, entre os anos de 2017 e 2020, índices como o IGPM e o IPCA, usados para atualizar preços de aluguéis e inflação, por exemplo, cresceram 37,72% e 11,60%, respectivamente, no mesmo intervalo.
Pedidos
A empresa pediu o adiamento do reajuste de energia da companhia, que ocorreria no próximo dia 30. Pediu também que a Aneel avalie um repasse de R$ 72,9 milhões para a empresa, sob alegação de que a agência teria cometido um “equívoco” ao calcular o custo de energia que seria aplicado pela distribuidora anos atrás, entre 2009 e 2015.
Por meio de nota, a companhia declarou que “confirma as informações e ressalta que vem enfrentando dificuldades financeiras para uma melhor prestação de serviço aos consumidores”.
Além disso, declarou a distribuidora, “há outros fatores que evidenciam estas mazelas, tais como taxa elevada de perdas por ligações clandestinas e desvio de energia”. Em 2019, os chamados “gatos” na rede de energia chegaram a 32,5% do total distribuído.
“Outro fator também é a inadimplência, pois das 208 mil unidades consumidoras cadastradas, 85% delas tem pelo menos uma fatura de energia em aberto. Atualmente, o montante de inadimplência chega à faixa de R$ 200 milhões”, informou.
Fonte: Polêmica Paraíba com Terra
Créditos: Polêmica Paraíba com Terra