O Brasil não está preparado para uma eventual segunda onda ou um agravamento da covid-19, as pessoas estão cansadas da epidemia e relaxando nas medidas de prevenção, o que está provocando um aumento nos casos de contaminação por coronavírus, e festas natalinas exigem atenção. A opinião é de especialistas em saúde que acompanham a evolução da doença no País, preocupados com um novo pico de contaminação da doença.
Para o médico epidemiologista Paulo Lotufo, da USP, é preciso que haja medidas mais rigorosas para o controle do coronavírus. Para Lotufo, o País vive uma situação de retomada dos casos, que, segundo ele, não significa uma segunda onda da covid-19, mas de um retorno do aumento de casos por falta de cuidados e relaxamento das medidas de controle.
“O que vemos é como se um avião, que estava aterrissando, arremetesse”, comparou Lotufo, comentando o número de casos de internação pela doença nos hospitais. Para o médico, há erros graves que estão sendo cometidos no controle da pandemia do coronavírus. Como a administração da crise com a suspensão de aulas das crianças, que são mantidas em casa, sem escola, enquanto pais e mães continuam frequentando o comércio, academias e salões de beleza. “Não faz sentido isso. Educação das crianças deveria ser prioridade. Precisamos encontrar um jeito. Mas o que fazemos é manter a escola fechada, o filho tendo aulas pelo Zoom, enquanto o pai sai para a academia, a mãe vai ao cabeleireiro”, criticou o epidemiologista.
O médico disse ainda que considera o poder público é muito dependente do poder econômico. “Isso não é só aqui em São Paulo, não, está acontece isso pelo País.”, afirmou. “No Paraná, em Santa Catarina, em outros estados também”, argumentou. De acordo com Lotufo, houve ainda, neste período de campanha eleitoral, a pressão dos prefeitos, que tiveram os cargos em disputa, contra as medidas de controle da doença. “Os prefeitos pressionaram para haver relaxamento”, disse. Precisamos de mais rigor por talvez um mês para baixar o contágio”, afirmou o médico.
Lotufo lembrou também que deve haver outro aumento de aglomerações nas reuniões durante as festas natalinas e de fim de ano. “Devemos ter mais cuidado também com as reuniões de famílias neste período de festas que temos pela frente, como o Natal, por exemplo”, disse o epidemiologista. Para ele, há erros ocorridos nas políticas de controle da pandemia durante os últimos meses que continuam acontecendo. Para o médico, o País precisaria apertar o controle nos serviços e espaços públicos que provocam aglomerações de pessoas, como academias, bares, cultos religiosos.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Terra