Luciano, ok; Romero, quase

Rubens Nóbrega

Um campinense da gema, cassista genuíno atualmente a serviço do ricardismo, disse-me anteontem que da véspera para o dia da eleição os irmãos Vital conseguem virar “de três a quatro pontos percentuais” das intenções de voto de seus compatriotas.

A fonte é boa. Tão qualificada quanto isenta. Inclusive porque desde menino faz campanha e política pra ele próprio e pros outros em Campina, sempre seguindo messianicamente, ardorosamente, os Cunha Lima.

É bem verdade que esse tipo de virada ele atribui a práticas nada republicanas, como diria o filósofo Ricardo Coutinho. Refere-se, em tom jocoso, à insônia coletiva que se abate sobre bairros inteiros onde mora o povo mais pobre e numeroso do lugar.

“De sexta à noite até o domingo de manhã, pode passar durante a madrugada em várias ruas que você vai encontrar as pessoas acordadas, nas calçadas, à espera de um carro ou moto que traz um remedinho bom da gota serena, de última hora, pra fazer esse povo dormir feliz e despertar agradecido ao prefeito”, relata.

Bem, verdadeiro ou não, plantado ou não o ‘detalhe’, o fato é que somando a possibilidade que ele traduz com os quatro turnos que o prefeito Veneziano ganhou dos Cunha Lima nas duas eleições anteriores a esta, resolvi não arriscar palpite de vitória certa de Romero Rodrigues hoje em Campina.

Não arrisco, mesmo que a última pesquisa Ipespe, fechada na sexta (26), coloque Romero dez pontos à frente de Tatiana Medeiros, tanto na espontânea quanto na estimulada. Não arrisco também porque essa diferença era maior apenas nove dias atrás.

Na pesquisa que o Ipespe concluiu no último dia 17, Romero tinha 47% contra 34% de Tatiana na espontânea. Na estimulada, ele chegava a 50%; ela, a 36%. Agora, na espontânea, o tucano aparece com 46% e a Doutora, com 36%. Na estimulada, o placar fica 49 a 39%.

Por tudo isso e mais alguma coisa, dez pontos percentuais podem ser uma diferença razoável em qualquer peleja eleitoral de qualquer todo canto do mundo, menos em Campina, uma cidade surpreendente por todos os títulos e pela própria natureza do seu povo.

No Ibope, a distância é maior

A chance de um resultado adverso para os Cunha Lima neste domingo é descartada também pelo Ibope, mas não da forma categórica como o mesmo Instituto se refere ao que deve acontecer nas urnas de João Pessoa neste domingo. Percebam a diferença…

No resumo da pesquisa fechada nesse sábado (27), o Ibope apresenta o resultado de lá assim: “Campina Grande deve eleger amanhã Romero Rodrigues como seu novo prefeito”. Já quando anuncia o resultado da Capital, o Ibope garante: “João Pessoa elegerá Luciano Cartaxo amanhã”.

Então, vejam vocês, se até o Ibope usa o “deve eleger” lá e o “elegerá” aqui, quem sou eu para ser tão peremptório assim e sair por aí cantando vitória de quem não deve ter, ele mesmo, certeza da própria vitória.

E olha que nesse último Ibope as intenções de voto em Romero Rodrigues subiram dois pontos percentuais em relação à pesquisa anterior. No dia 19 deste mês, o tucano tinha 47%; ontem, cresceu para 49%. No mesmo período, sua concorrente caiu três pontos. Tinha 39%, agora tem 36%, segundo o Ibope.

Mesmo assim, e juro que a intenção não é fazer ‘inferno’, mesmo com a distância de 13 pontos entre os postulantes, não acredito que Veneziano tenha jogado a toalha, obrigando a sua pupila a parar de lutar. Até por que ela, pelo que acompanho, pode até perder por nocaute, mas luta até o último dia, quer dizer, round.

JP: está pintando um recorde

O Ibope estima que Luciano Cartaxo vencerá as eleições em João Pessoa com 72% dos votos válidos, contra 28% apurados para Cícero Lucena.

Se agregar no dia de hoje mais dois pontos percentuais à sua fortuna eleitoral, o candidato do PT transformará em profecia a previsão do colunista de que ele tem tudo para ser o candidato a prefeito da Capital mais votado da história republicana de João Pessoa.

Já se depender do Ipespe, Luciano não deve superar o até agora imbatível Ricardo Coutinho, que em 2008, contra um combalido João Gonçalves, conseguiu quase 73,85% dos votos válidos.

O Ipespe apurou que até anteontem o petista detinha 70% dos votos válidos, contra os 30% que caberiam ao tucano.

De qualquer sorte, todas as pesquisas e expectativas sinalizam para uma votação consagradora do deputado, que começou essa campanha com o seu potencial subestimado por muitos.

Inclusive por este colunista, que ainda na temporada das convenções chegou a verbalizar entre amigos que Luciano já cumpriria um papel importantíssimo nessas eleições se conseguisse funcionar como barreira de contenção da candidata do governador.

Mas o que se viu foi o homem se transformar em tsunami, arrebentando todas as comportas das incredulidades mais assentadas, podendo afogar até mesmo os planos de futuro de algumas das mais carimbadas figurinhas de nossa ‘política’.