O Distrito Federal segue distante da imunidade de rebanho no que se refere à covid-19. Um estudo feito em conjunto por diversos centros de pesquisa do país, incluindo a Universidade de Brasília (UnB), mostra que cerca de 22% da população de Brasília contraíram a doença. A imunidade de rebanho só é adquirida quando a taxa de infecção da população está entre 60% e 70%.
Ainda assim, o DF lidera o ranking de maior porcentagem já infectada, empatado com os estados de Rio de Janeiro e Pernambuco. Todos os demais alcançaram índices de 20% ou menos, informa o estudo, divulgado nesta terça-feira (10/11).
Segunda onda no Brasil
Tarcísio Rocha Filho, físico do Núcleo de Altos Estudos Estratégicos para o Desenvolvimento da UnB, explica que há um risco de uma segunda onda de casos em todo o Brasil. “O número de reprodução R0 ainda está muito próximo de 1, na maioria dos locais. Isso significa que é muito fácil voltar a ter crescimento, se não forem tomados cuidados.”
O fator R0 determina o potencial de propagação de um vírus. Se ele é igual a 1, significa que cada paciente infectado contamina mais uma pessoa. No DF, o R0 está abaixo de 1, o que ajuda a explicar a diminuição de casos e mortes observada recentemente.
Dados do último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde mostram que mais de 217,3 mil pessoas contraíram a doença. De acordo com Tarcísio, as avaliações dos pesquisadores concluem que esse número pode ser três vezes maior, isto é, cerca de 652,1 mil pacientes.
Ele lembra que não é hora de descuidar. “Aqui, os números estão diminuindo, mas podem retomar. (A pandemia) não passou. Na Europa, o número baixou, as pessoas começaram a viajar, e a coisa retomou. Não vejo por que o Brasil seria exceção”, pondera o professor.
Para ele, é hora de ganhar tempo, evitando se expor sem necessidade, e tomando cuidados como uso da máscara. “Estamos vendo muitas promessas de vacinas chegando, mas existe uma logística complicada. É difícil saber quando teremos uma segunda onda, porque depende de como a população vai se comportar.”
Análise
Para chegar aos valores, os estudiosos envolvidos consideraram dados não contabilizados nos boletins oficiais de cada estado. Isso é possível graças aos números de óbitos, onde a subnotificação é menor. Os pesquisadores analisam os registros de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), principal causa de falecimento da covid-19, comparam com anos anteriores e somam o excedente aos óbitos dentro da pandemia.
Além da UnB, realizaram a análisea Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), a Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) e a Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
Fonte: Correio Braziliense
Créditos: Correio Braziliense