“Dá a sensação de que estamos em uma situação de estabilização”, disse nesta terça-feira Fernando Simón, diretor do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências Sanitárias (CCAES) da Espanha. O número de novos casos de coronavírus notificados (17.395) foi um dos mais baixos das últimas semanas. É preciso retroceder à quarta-feira 21 de outubro para encontrar um menor. No entanto, as mortes bateram um novo recorde. O Ministério da Saúde contabilizou 411 mortes em um dia. É o número mais alto desta segunda onda, com exceção do desta segunda-feira, que não é comparável porque inclui todas as mortes registradas durante o fim de semana. A última vez que mais de 400 mortes foram acrescentadas à estatística em um único dia foi em abril, quando o país estava em confinamento domiciliar. Nos piores dias, no final de março e início de abril, o número chegou perto do milhar de mortes.
A estabilização nos novos contágios vinha sendo observada há alguns dias. Segundo Simón, “o pico de máxima transmissão desta segunda onda foi alcançado entre os dias 24 e 25 de outubro”. Desde então foram observadas “pequenas quedas, embora seja preciso ter cautela, pois podem se dever a algum atraso nos dados”, disse.
A tendência, em todo o caso, é de “estabilização”, o que soa como uma boa notícia, mas não deve ser vista com muito entusiasmo, porque a incidência acumulada na Espanha continua a ser superior a 500 casos por 100.000 habitantes (525 nesta terça-feira, contra 529 no dia anterior). Como o próprio Simón lembrou, a situação é considerada de risco, pois ultrapassa os 60 casos por 100.000 habitantes, razão pela qual a Espanha ainda está muito longe de melhorar. “Temos quase 10 vezes mais”, lembrou, e apontou que seria necessário baixar do patamar de 200 ou 250 para começar a pensar “em modificações importantes das normas sanitárias”. Em outras palavras, as restrições durarão bastante tempo.
O diretor do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências Sanitárias da Espanha, Fernando Simón, diz que a incidência acumulada dos casos a cada 14 dias está se estabilizando (em espanhol).
Aragão e Navarra são as comunidades autônomas (os equivalente a estados na Espanha) com maior incidência, superior a 900 casos por 100.000 habitantes, mas muito próximas estão Castela e Leão (859), La Rioja (797) e o País Basco (779). A Andaluzia, com 569 casos por 100.000 habitantes, vive uma segunda onda pior que a primeira, com províncias como Granada com seu hospital principal com 80% de ocupação dos leitos de UTI, relata Javier Martín Arroyo. Esta comunidade ultrapassou a barreira das 3.000 mortes ao acrescentar mais 95 à contagem (de acordo com seus registros; a contagem do Ministério da Saúde acrescentou 90 e deixou o total em 2.975). Os 90 mortos representam 22% do total de vítimas contabilizadas nesta terça-feira.
A pressão sobre os hospitais continua alta, tanto na internação normal quanto nas unidades de terapia intensiva, e Simón avisou que levará vários dias para se estabilizar como aconteceu com os contágios. A média de leitos ocupados na UTI é de 32%, mas oito comunidades estão acima de 40%, uma situação complicada porque implica em “sobrecarga do pessoal” e é algo que se deveria “evitar aumentar além da conta”, segundo o diretor do CCAES. Há comunidades, disse ele, que tiveram de reduzir a atividade programada em seus hospitais.
“Nos próximos dias pode haver alguma redução, mas não podemos garantir; é preciso ser muito cauteloso com a avaliação”, acrescentou. A melhora na internação –atualmente são 20.943 pessoas internadas, ocupando 17% dos leitos– será percebida antes que a melhora nas UTIs, onde as internações são mais longas.
Fonte: EL País
Créditos: EL País