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Líder palestino Saeb Erekat morre de Covid-19

Secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) tinha 65 anos e fibrose pulmonar. Erekat esteve envolvido em quase todas as negociações de paz entre Israel e Palestina desde 1991

O secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, morreu de Covid-19. O anúncio foi feito nesta terça-feira (10) pela presidência palestina.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, qualificou a morte de “perda imensa” e falou na “partida de um irmão, de um amigo, de um grande lutador” . “É uma perda imensa para a Palestina e para os palestinos. Estamos profundamente tristes”.

Erakat tinha 65 anos e era um importante porta-voz internacional dos palestinos há mais de três décadas. Ele era um dos líderes mais conhecidos no exterior, um negociador de paz veterano e apontado com frequência como um dos potenciais sucessores de Abbas, que tem 85 anos.

Educado nos EUA, Erekat tinha cidadania americana, se formou e fez mestrado em relações internacionais pela San Francisco State University e era Ph.D. pela Universidade de Bradford, no Reino Unido, em resolução de conflitos.

O líder palestino esteve envolvido em quase todas as rodadas de negociações de paz entre Israel e Palestina desde a histórica conferência de Madri em 1991.

Ele ajudou a negociar os Acordos de Oslo, que criaram a autoridade palestina e deram aos palestinos autonomia limitada na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

Política de 2 estados

Erekat defendeu incansavelmente uma solução negociada de dois estados para o conflito e culpou Israel — particularmente o atual premiê do país, Benjamin Netanyahu — pelo fracasso em chegar a um acordo.

Como assessor leal aos líderes palestinos — primeiro Yasser Arafat e depois Mahmoud Abbas — ele lutou por essa estratégia até sua morte, mesmo quando as esperanças de um estado palestino diminuíram recentemente.

Ele foi um crítico ferrenho do plano do presidente americano, Donald Trump, para o Oriente Médio. Zombeteiramente, Erekat afirmou que “corretores imobiliários” nunca resolveriam o conflito e acusou Trump e Netanyahu de se unirem para “destruir o projeto nacional palestino”.

“Rejeitar esse plano não é rejeitar a paz, mas o contrário: rejeitá-lo significa rejeitar a perpetuação de um sistema de apartheid”, escreveu o líder palestino em um artigo publicano em janeiro no jornal americano “Washington Post”.

Infância em Jericó

Erekat nasceu em 28 de abril de 1955 em Jerusalém e passou a maior parte de sua vida na cidade ocupada de Jericó, na Cisjordânia, um oásis no deserto repleto de palmeiras a cerca de 30 minutos de Jerusalém.

Durante sua infância em Jericó, o líder palestino testemunhou palestinos fugindo para a vizinha Jordânia durante a guerra de 1967, na qual Israel tomou a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza.

Em entrevistas, Erekat sempre falou sobre a vida e sua família em Jericó, como uma forma de explicar aos estrangeiros o impacto da ocupação israelense e se posicionar como um palestino comum.

Problemas pulmonares

O líder palestino tinha fibrose pulmonar e em 2017 passou por um transplante de pulmão em um hospital nos Estados Unidos.

Ele foi diagnosticado com Covid em 9 de outubro e, no dia 19 do mesmo mês, o hospital em que estava internado afirmou que seu quadro tinha piorado e passado a ser crítico.

Na época, o hospital afirmou que o estado de saúde de Erakat representava “um desafio”, devido aos seus problemas pulmonares crônicos.

Erekat deixa sua esposa, dois filhos, duas filhas gêmeas e oito netos.

Covid na Palestina

Na Cisjordânia, onde moram quase três milhões de palestinos, foram registrados mais de 50 mil casos de Covid e 480 mortes até o momento.

Em Gaza, onde moram cerca de dois milhões, território palestino separado da Cisjordânia e controlado pelo Hamas, foram mais 8,7 mil infectados e quase 40 óbitos.

Fonte: G1
Créditos: G1