Rubens Nóbrega

“Eita, rapaz, tás lascado. Tás vendo aí? A Doutora encostou”.
Foi a primeira coisa que ouvi ontem à noite, e logo de Gosto Ruim, imediatamente após Edilane Araújo anunciar na TV Cabo Branco que deu 47% pra Romero Rodrigues (PSDB) e 39% para Tatiana Medeiros (PMDB) na primeira pesquisa Ibope no segundo turno em Campina.
Mal o telejornal acabou, Gosto ligou para fazer a observação ou provocação que tem tudo a ver com coluna de ontem (‘A aposta errada de Veneziano’), na qual apostei que a candidata do prefeito Veneziano Vital deve perder as eleições.
Apostei por entender que a opção por Tatiana assemelha-se àquela de Lula por Dilma, preterindo outras possibilidades dentro e fora de seu grupo político ou mesmo do partido, dispensando nomes que aparentemente renderiam mais nessa peleja.
Mas, pelo visto, conforme sinalizam os resultados da mais nova pesquisa Ibope, o último capítulo da novela campinense reserva suspense igual ou maior do que aquele que eletrizou o Brasil na noite dessa sexta-feira.
Tanto que a tensão tomou conta de Campina a partir do JPB 2ª Edição, graças a um enredo que mistura ingredientes e temperos parecidos com aqueles do epílogo da trama que virou fenômeno mundial de audiência da melhor teledramaturgia do mundo.
Afinal, as informações e dados que antes indicavam vitória fácil do candidato tucano já não indicam mais a partir de hoje.

O Ibope pesa. E muito

A divulgação de qualquer pesquisa Ibope influencia fortemente os humores e estratégias de qualquer campanha, mesmo na Paraíba, onde desqualificar publicamente o trabalho do instituto virou esporte de políticos em dificuldades eleitorais.
Em privado, contudo, todos eles reconhecem que a situação de momento ou a tendência da vez distancia-se pouco ou quase nada daquela que os números do Ibope exprimem.
E o que dizem os números fresquinhos, fechados ontem, remete a um virtual empate técnico entre os dois finalistas de Campina Grande.
Pela margem de erro da pesquisa (quatro pontos percentuais), é possível que Romero e Tatiana estejam se encontrando na esquina dos 43% das intenções de voto, ainda que no raciocínio inverso o tucano possa estar com 51% e a Doutora, com 35%.
Não me parece verossímil a segunda hipótese, todavia, pois nem mesmo os adversários ousariam desconhecer o crescimento contínuo e sustentado de Tatiana desde o primeiro turno.
Outro ponto que reforça a tese de possível empate vem da pesquisa espontânea, onde a diferença entre Romero (43%) para Tatiana (37%) cai para seis pontos percentuais.


Como se não bastasse…

O Ibope apurou que ainda existem pelo menos 13% de eleitores capazes de mudar o voto até o dia 28, enquanto outros 6% se mantêm indecisos. Ou seja, há uma massa de 19% de eleitores susceptíveis de conquista por parte de uma das candidaturas.
É aí que entram os grandes padrinhos das duas candidaturas, Cássio Cunha Lima de um lado, Veneziano do outro, cada um com o seu poder de sedução ou, como diria Gosto Ruim, com o dom de iludir.
Nesse caso, o prefeito levaria ligeira vantagem sobre o senador, a julgar pelos quatro últimos embates municipais, que dão um placar de 3 a 1 favorável a Veneziano. Sem contar que na reta final de segundo turno o Cabeludo aparece no Ibope embalado com índices Dilma de aprovação.
Nessa pesquisa, o jeito de governar do alcaide campinense é aprovado por 68% dos governados, enquanto o governo em si consegue o reconhecimento de 55% (18% de ótimo + 37% de bom) dos munícipes.
Isso, mesmo após os intensos bombardeios da oposição, com notícias de uma Prefeitura quebrada na emenda por supostos usos e abusos da máquina na campanha.
Em JP, sinais de ‘passeio’

Se não era Lucélio, o irmão gêmeo de Luciano Cartaxo, o próprio candidato petista a prefeito de João Pessoa parecia tão tranquilo quanto ao desfecho da atual campanha que foi visto ontem à noite jantando placidamente um assai no Cabo Branco.
Não dá mesmo para imaginar Luciano Cartaxo apreensivo, tirando pela nova pesquisa Ibope, também concluída ontem, que alarga a distância entre ele e o adversário, Cícero Lucena, do PSDB. São 40 pontos percentuais de diferença na espontânea (61 a 21%), 41 na estimulada (65 a 24%) e 46 nos votos válidos (73 a 27%).
Com esses números, não se admirem se este colunista acertar a projeção de que Luciano Cartaxo pode se transformar este ano no candidato a prefeito mais votado de toda a história republicana da Capital da Paraíba, superando o ainda imbatível Ricardo Coutinho, eleito em 2008 com 73,8% dos votos válidos.
Se bem que, com todo respeito, naquela eleição do outro lado estava o deputado João Gonçalves, abandonado à própria sorte e jogado às feras pelos tucanos de alta plumagem, entre eles o próprio Cícero Lucena e o então governador Cássio.