Em meio ao isolamento social causado pela pandemia do coronavírus, professores vivem novas experiências ao terem que se reinventar para ensinar de forma remota. As mudanças causadas nesse período exigiram que os professores mudassem a didática aplicada nas salas de aulas. A sobrecarga de trabalho não faz jus ao salário e nem a desvalorização atual que marca o dia do professor,15 de outubro, comemorado hoje.
Sem aulas presenciais desde março, a maioria dos professores e alunos não receberam o suporte necessário, fundamental para a aprendizagem. O acesso precário à internet, aumentou a evasão escolar, visto que muitos alunos não possuem meios para participar das aulas. Joel Cavalcante é professor do ensino médio, voltado para jovens e adultos, na rede pública, e conta sobre a desistência dos alunos por falta de recursos. “O maior desafio nesse período tem sido o acesso à internet. A falta de uma tecnologia básica para os alunos terem como acessar as plataformas de ensino, como o Google Classroom, e baixar material para estudar, tem dificultando o ensino online nesse tempo. Eu ensino na periferia, em Valentina, na educação de jovens e adultos, em que vários alunos desistiram por falta de recursos. ”
Além disso, Joel também relata que, apesar do apoio oferecido, ainda assim, não foi suficiente para possibilitar a inclusão digital do ensino, e qual a experiência que mais o marcou nesse período como professor. “O Governo da Paraíba fez um curso em parceria com o Google, para usar o Google Classroom, e criou e-mail institucional para alunos e professores utilizarem essa plataforma. Junto com o uso do Whatsapp, para envio de fotos das atividades. As aulas eu ministro pelo Google Meet, e também já deixo salvas para que quem não participou, possa ter acesso posteriormente. E mesmo assim, uma turma só conta com a presença 8 alunos, em média, que também não solicitam o acesso para assistir à aula depois. Por isso, o que mais me marcou foi ver a desistência de alunos que eram dedicados na sala de aula porque não estavam dando conta de fazer as atividades, também por conta da falta de habilidade com à internet para acessar o sistema. Isso doeu para mim. ”
A realidade também é enfrentada por Elayne Albino, professora do ensino infantil da rede privada, que reclama da falta de instrução para o uso dos recursos digitais, de maneira mais eficiente. “Os desafios foram imensos. O primeiro foi ter que ensinar em um formato nunca antes vivenciado, lidar com ferramentas e recursos que antes não dominava tanto, como aprender a gravar a aula e utilizar editores. ”
Para tornar o conteúdo mais dinâmico e manter os alunos mais interessados nas aulas, Elayne utilizou algumas didáticas para facilitar a aprendizagem. “Algumas didáticas tem facilitado esse processo, como dinâmicas para introduzir o assunto em estudo, uso de vídeo, imagens e material concreto, tentando sempre ilustrar, a partir desses materiais, os conteúdos. Tenho buscado trabalhar não apenas de forma oral, mas também visual, isso facilita a compreensão dos alunos. ”
Uma pesquisa online realizada em maio de 2020, pela Nova Escola, que é uma organização formada por professores de educação básica no Brasil, aponta que mais da metade (51,1%) dos professores relatam não ter recebido formação de suas redes para trabalhar. Além disso, cerca de 30% dos professores avaliaram a experiência do ensino remoto como “ruim ou péssima”, 27% como “boa” e apenas 5% como “excelente”. Isto é, menos de um terço dos professores avalia de forma positiva.
Fonte: Nathalia Souza
Créditos: Polêmica Paraíba