A defesa da deputada federal Flordelis (sem partido-RJ) alegou à Corregedoria Parlamentar da Câmara que não “faria sentido” a parlamentar mandar matar o marido, o pastor Anderson do Carmo. O crime ocorreu em 16 de junho de 2019, quando ele chegou em casa, em Niterói, e foi alvejado com vários tiros.
Conforme o documento da defesa entregue no dia 16 de setembro, ao qual a CNN teve acesso, o casal estava no “auge de sua vida pessoal e familiar” e Flordelis era dependente “espiritual e materialmente” do companheiro.
“Não faria sentido, realmente, que dependendo espiritual e materialmente do Pastor Anderson, seu marido durante o longo período em que o afeto perdurou, perdurava e perduraria, tivesse o plano de eliminá-lo de sua vida e de seus irmãos, familiares e dependentes não o tivesse subtraído no auge de sua vida pessoal e familiar”, diz a defesa de Flordelis no documento entregue ao deputado Paulo Bengtson (PTB-PA), no processo de cassação ao qual ela responde.
Ainda de acordo com a defesa da deputada, “é certo e insofismável” que não haveria por parte dela “nenhuma razão plausível para se ver livre de seu companheiro, que tanto tinham em comum inclusive seu amor a Jesus Cristo, a quem dedicara seu amor e carinho e de quem dependia, como braço forte, para suas atividades parlamentares”.
Corregedor não acatou argumentos da defesa
No último dia 1º, Bengtson apresentou parecer pela continuidade do processo em desfavor da deputada e a análise do pedido de representação contra ela pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. “Ela [Flordelis] não conseguiu trazer para a Corregedoria provas de que não quebrou o decoro parlamentar. Por isso, estamos encaminhando a continuidade do processo”, afirmou Bengtson. “Fizemos as dez perguntas. Ela explicou, mas não trouxe as provas daquilo que falou”, disse o corregedor.
Como as atividades presenciais da Câmara estão suspensas desde março, em razão da pandemia do novo coronavírus, Bengtson apresentou um projeto de resolução para permitir a realização das reuniões do Conselho de Ética por meio de videoconferência. Begston disse que ainda não há um acordo sobre a retomada do funcionamento dos colegiados, mas que acredita que as reuniões serão retomadas.
O Conselho de Ética é formado por 42 deputados (21 titulares e 21 suplentes). Após o recebimento da representação no Conselho de Ética, o regimento interno da Câmara determina o prazo de cinco sessões ordinárias para que Flordelis apresente sua defesa por escrito.
Caberá ao presidente do colegiado, deputado Juscelino Filho (DEM-MA), definir o relator as partir de um sorteio de uma lista tríplice, da qual são excluídos os deputados do mesmo partido e do mesmo estado do alvo da representação.
“Lá, é um processo que começa de novo. Ela tem direito de ampla defesa, inclusive com a presença dos advogados. Ela vai poder passar todas as versões, trazer as provas que não trouxe para a Corregedoria. É outra oportunidade de trazer a luz da verdade neste caso”, afirmou Bengtson.
Fonte: Fórum
Créditos: Polêmica Paraíba