Cerca de 250 manifestantes foram detidos neste domingo (13) em um protesto em Minsk, capital de Belarus, de acordo com o Ministério do Interior.
O país vem enfrentando uma onda de manifestações inédita desde 9 de agosto, após Alexander Lukashenko, no poder há 24 anos, ter sido reeleito pela sexta vez. A oposição acusa o processo eleitoral de ter sido fraudulento. Ele nega qualquer irregularidade.
Este é o quinto domingo consecutivo de protestos no país. A cada manifestação, 100 mil pessoas vão às ruas, mesmo com a repressão da polícia. Lukashenko costuma negar a pandemia do coronavírus, já chamou o lockdown de “psicose” e disse que combatia o coronavírus indo à sauna e bebendo vodka.
Forças de segurança têm enfrentado os manifestantes com armas, veículos blindados, e caminhões que lançam jatos d’água. A repressão é mais forte em frente à sede da presidência, um dos locais de concentração dos manifestantes.
O movimento contra a reeleição de Lukashenko começou em Belarus no dia da eleição presidencial. Lukashenko afirma ter vencido com 80% dos votos. Ele está no poder desde 1994e chama os protestos de “manobra ocidental”.
‘Marcha dos heróis’
Neste domingo, a polícia anunciou a detenção de quase 250 pessoas em Minsk pelo “uso de bandeiras e outros símbolos” da oposição.
No fim de semana passado, 600 foram detidos pelas forças de segurança em Minsk e outras cidades.
“Eu vim marchar pela liberdade e pretendo comparecer sempre, enquanto não conseguirmos por meios pacíficos”, declarou à AFP Oleg Zimin, de 60 anos.
“Estamos dispostos a protestar até a mudança de poder. Não perdemos nenhum domingo”, explicaram os irmãos Matvei e Zakhar Kravshenko, ambos com pouco mais de 20 anos.
Sábado de manifestações
No sábado, centenas de mulheres foram às ruas e várias também foram detidas (veja vídeo abaixo). A polícia reprimiu com violência.
Svetlana Tikhanovskaya, candidata na eleição presidencial que reivindicou a vitória sobre Lukashenko e está exilada na Lituânia, elogiou em um vídeo um “povo realmente heroico que prossegue na luta pela liberdade”.
Mulheres saem em marcha em mais uma manifestação em Belarus
A semana passada foi marcada pela detenção de uma de suas aliadas, Maria Kolesnikova, que resistiu à expulsão do país: ela rasgou o passaporte em pedaços para não ser enviada ao exterior.
Kolesnikova foi detida e acusada de “atentar contra a segurança nacional”.
Crise e violência
Apesar da magnitude dos protestos, Lukashenko se nega a fazer qualquer concessão. Ele fez apenas uma breve referência a uma futura e ambígua reforma da Constituição.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou que está “profundamente preocupado” com o uso da força em Belarus contra manifestantes pacíficos e destacou que “apenas o povo bielorrusso” pode resolver a crise.
A União Europeia lamentou em um comunicado “o desprezo cada vez mais evidente pelo direito demonstrado em Belarus, em particular a espiral de violência e o exílio forçado” de membros da oposição.
O governo dos Estados Unidos anunciou que está preparando sanções contra autoridades bielorrussas e destacou que Moscou está correndo um grande risco ao apoiar o chefe de Estado que está no poder há 26 anos.
Apoio Russo
A Rússia ampliou o apoio a Lukashenko, que se reunirá na segunda-feira (14) com Vladimir Putin em Sochi.
De acordo com alguns analistas, Moscou tentará rentabilizar ao máximo o apoio ao presidente bielorrusso, que não tem nenhuma margem manobra e é completamente dependente da Rússia para sobreviver politicamente.
Moscou deseja aprofundar a união política e econômica entre os dois países, uma ideia que foi inicialmente rejeitada por Lukashenko.
Fonte: G1
Créditos: G1