O lutador iraniano Navid Afkari, de 27 anos, foi executado neste sábado (12), informa a mídia estatal do país. Ele foi condenado por esfaquear e matar um segurança durante protestos contra o governo em 2018. A defesa alega que não havia provas contra ele.
O presidente do tribunal da província de Fars, Kazem Mousavi, afirmou, segundo a TV estatal, que o lutador foi executado na prisão de Adelabad em Shiraz, no sul do país.
Uma campanha pela internet chamou a atenção internacional para o caso, pois retratava Navid Afkari, campeão iraniano de luta olímpica, e os seus dois irmãos, Vahid e Habib, como alvos de perseguição por terem participado de protestos contra o governo e a situação econômica e social do país.
Afkari foi acusado de esfaquear Hassan Turkman, um funcionário de uma empresa de abastecimento de água na cidade de Shiraz durante as manifestações de 2018.
A família e ativistas afirmam que ele foi torturado para fazer uma confissão divulgada na semana passada. A declaração se assemelha a centenas de outras confissões coagidas que foram transmitidas ao longo da última década na República Islâmica, de acordo com a Associated Press.
O advogado de Afkari, Hasan Yunesi, afirmou que no domingo estava programada uma reunião com a família da vítima para “pedir perdão” e evitar a aplicação da pena de morte. “Estavam com tanta pressa que negaram a Navid seu direito a uma última visita”, escreveu Yunesi no Twitter.
Bahie Namju, mãe do lutador, afirmou que Afkari tentou se matar três vezes durante o período que esteve na prisão.
Apelo de Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou a publicar no Twitter na semana passada um apelo para que o lutador não fosse executado. “Líderes do Irã, eu apreciaria muito se vocês poupassem a vida desse jovem e não o executassem. Obrigado!”, afirmou.
Em resposta ao pedido do mandatário americano, a TV estatal publicou uma reportagem de 11 minutos em que entrevistava os pais do homem morto e mostrava imagens de Afkari na garupa de uma motocicleta. A reportagem dizia que ele havia esfaqueado Turkman pelas costas, mas não explicava por que ele teria cometido o ataque.
A reportagem ainda dizia que o celular de Afkari estava na área onde ocorreu o crime e mostrava imagens de câmeras de vigilância que o mostravam caminhando por uma rua, falando ao telefone.
O Irã, que executou pelo menos 259 pessoas em 2019, é, ao lado da China, o país que mais recorre à pena capital, de acordo com a Anistia Internacional.
Fonte: G1
Créditos: G1