RC, o grande derrotado

Rubens Nóbrega

Não dá pra aliviar, escamotear, muito menos esconder que o governador Ricardo Coutinho é o grande derrotado das eleições municipais de 2012 na Paraíba.
Além de não ter conseguido levar Estelizabel (PSB) ao segundo turno na Capital, mesmo com todo o peso que jogou na campanha, a rigor o principal agente político do Estado não tem um prefeito eleito pra chamar de seu em 223 municípios.
Nem mesmo na Grande João Pessoa, onde Expedito Pereira obteve uma consagradora vitória em Bayeux, pode-se dizer que o candidato do PSB tenha carecido do apoio do governador para retornar à Prefeitura.
Maranhista histórico, ex-prefeito, ex-deputado estadual, Expedito é noviço sem muita convicção no credo ricardista. Tem luz própria. Venceria por seus próprios méritos os concorrentes. Com, sem ou apesar de Ricardo Coutinho.
Fora da região metropolitana da Capital, se olharmos os outros grandes colégios eleitorais (exceto Campina, caso à parte) veremos que a vitória de Expedito em Bayeux assemelha-se muito à de Zenóbio Toscano em Guarabira, por exemplo.
O taciturno Submarino, como adoram chamar os seus aduladores, é favorito desde criancinha a ganhar qualquer eleição em Guarabira, cidade da qual é um dos líderes incontestes. Liderança que somente os Paulino arranham vez em quando.
Zenóbio jamais precisaria de Ricardo Coutinho pra vencer na ‘Princesa do Brejo’ (a Rainha é e fica em Bananeiras). Muito pelo contrário, o governador é quem tem um débito político-eleitoral impagável junto ao prefeito eleito de Guarabira.
No Sertão foi bem pior

Saindo agora do Brejo e pegando a BR 230 no rumo do Sertão, façamos uma primeira grande parada em Patos, onde a deputada Chica Mota, do PMDB, teve vitória espetacular sobre Dinaldinho, do Dem.
A oposição na maior cidade sertaneja (em nível municipal, lógico) deve ter passado a campanha escondendo seu vínculo com o governador, rezando para que o monarca não aparecesse na campanha de Dinaldinho.
Em Sousa, onde Ricardo tentou influir mais decisivamente, Lindolfo Pires, ex-secretário-chefe da Casa Civil do Estado, levou surra homérica nas urnas do também deputado estadual André Gadelha, líder do PMDB e das oposições na Assembleia.
Em Cajazeiras, o médico e ex-prefeito Carlos Antônio teve a candidatura cassada pelo TSE, botou a mulher no lugar na undécima hora e ganhou bem por ele mesmo. Nada deve a Ricardo. Talvez a Cássio, de quem é fiel seguidor.
Na região de Catolé, tem gente cuspindo bala porque estava com a eleição garantida e caiu na besteira de chamar Ricardo pr’um ato de campanha. “Lascou-se”, disse-me ontem qualificado observador daquelas bandas.


Em Campina, nem se fala

No retorno pra João Pessoa, estirando até o Cariri vai dar ver em Monteiro que a reeleição de Edna Henriques era uma barbada que Ricardo Coutinho algum conseguiria ameaçar.
Chegando a Campina, vale a pena esticar as pernas para um cafezinho e dois dedos de prosa no Calçadão, onde os cassistas devem ter festejado com muita alegria a ausência do governador da campanha de Romero Rodrigues (PSDB).
Se Ricardo tivesse aparecido na Vila da Nova da Rainha pedindo votos para o candidato de Cássio, aposto como o resultado do primeiro turno seria bem apertado. E até hoje Vené e seu pessoal estariam comemorando a boa ajuda do governador.
Jampa esmaga o ricardismo
Outra leitura que não dá pra deixar de fazer é a de que o resultado das eleições em João Pessoa mostrou o quanto o eleitorado da Capital ansiava por esse momento de usar a urna para dar uma bela de uma resposta ao governador.
Não se enganem. Estelizabel só não tirou a vaga de Cícero no segundo turno porque absorveu a elevada rejeição do pessoense ao hoje governador. Mala alguma daria jeito. Máquina nenhuma seria capaz de superar tamanho obstáculo.
Prova disso é que a soma dos votos válidos, de Luciano Cartaxo a Antônio Radical, mostra que quase 80% dos eleitores disseram um não mais redondo que barriga de skol à arrogância, autoritarismo, soberba e empáfia do governante.
E não por acaso os dois finalistas – Luciano e Cícero – são aqueles que na campanha encarnaram com mais ênfase e legitimidade o antiricardismo, um sentimento popular que nesse momento é amplamente majoritário em toda a Paraíba.
Assim falaram as urnas.
Quantos mais RC contratou?
Perguntei ontem ao TCE por que todos os dados do Estado estão atualizados até julho no Sagres, menos Pessoal. Quero conferir quantos prestadores de serviço RC contratou nos três últimos meses de campanha, pelo menos. Aguardo a resposta.