Os últimos dias foram de alívio e dor ao mesmo tempo para Luana Rangel Pimenta, mulher de Wagner Pimenta, conhecido como Misael, vereador e quinto filho adotivo de Flordelis e Anderson do Carmo . O casal rompeu com a deputada federal um mês após a morte do pastor e teve papel importante para que a polícia concluísse que foi a pastora a mandante do crime.
“Não havia a menor dúvida de nossa parte. Só aguardamos que a Justiça concluísse o que já sabíamos antes mesmo do crime”, diz Luana.
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Em março do ano passado, portanto três meses antes de ser morto a tiros na porta de casa, Anderson procurou o filho e a nora com um tablet nas mãos e uma mensagem. “Ele mostrou para a gente o que estava escrito, era um pedido de morte escrito por alguém da família. Nós desconfiamos e falamos que poderia ser a Flor. Mas ele não acreditava nisso, que ela fosse capaz”, relembra Luana.
Ela diz que chegaram a essa conclusão pelas conversas que ouviam na casa dos sogros. “As filhas (Simone e Marzy, presas pelo crime) faziam a cabeça dela. Diziam para a Flor que era ela a dona do poder, que ela era a deputada e que não deveria deixar que Anderson tomasse conta de tudo como fazia. E a Flordelis ficava sempre quieta em vez de defender o marido. Eu tenho para mim que fizeram a cabeça dela”, imagina Luana.
A conclusão da nora tem a ver com a relação que Flordelis e Anderson do Carmo tinham. “Não havia espaço para traição da parte dele ou dela. Eles viviam grudados. E meu sogro era louco pela mulher. Ele faria qualquer coisa pela Flordelis. Todos viam isso”, garante.
Com a morte do chefe do núcleo, a relação entre Wagner, Luana e Flordelis que já não ia bem, piorou. Luana trabalhava na gerência das igrejas Ministério Flordelis, na época, e também como assessora parlamentar da sogra. “Eu trabalhava direto com o pastor. Tratava dos eventos da igreja e também na gerência, com eles. Era um trabalho voluntário meu. Como assessora dela, muitas vezes tinha que ir a Brasília para tratar de assuntos do gabinete, do projeto de lei da adoção e recebia por isso. Logo depois do crime, eu e meu marido comunicamos no grupo que a igreja tinha no WhatsApp que estávamos saindo da congregação. Não falamos pessoalmente. Depois disso, umas 400 pessoas saíram também”, relembra.
Foi quando Flordelis apareceu na casa do filho, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio. Além de Luana e Misael, passou a morar na casa outro filho adotivo de Flordelis e Anderson: Daniel, que foi morar com o irmão por também acreditar que a mãe estava por trás do assassinato.
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“Ela ficou mais de uma hora no quarto com ele, de portas trancadas, tentando fazer a cabeça dele para que acreditasse nela. Ficamos apreensivos. Depois, o Daniel nos contou que Flor disse que Anderson a controlava e a traía. E o filho disse que a mãe, então, deveria ter se divorciado e não o matado. Ela saiu do quarto e falou que entendia que estávamos abalados e nos pediu que guardássemos.nosso luto para depois de um evento anual da igreja, que seria em setembro. Depois disso, não dava para crer que ela não estivesse envolvida. Como você pede a uma pessoa que guarde seu luto durante três meses como se nada tivesse acontecido?”.
Igreja com dias contados
Após o assassinato, Luana diz que passou a questionar a forma de congregar. “Não duvidei ou perdi minha fé hora nenhuma. Mas questionei a forma de congregar, como tudo nos é passado”, revela ela, que hoje frequenta uma nova igreja evangélica, mas não pentecostal como a de Flordelis.
Na época em que estava no mesmo ministério cristão da sogra, Luana também dava expediente na gerência e contabilidade. Por isso, acha tão estranho a pastora dizer que não sabe onde está o dinheiro, algo em torno de R$ 6 milhões, que ela diz terem sumido e um motivo para que alguém cometesse o crime: “Acho engraçado porque ela recebia todo mês um relatório detalhado de tudo. O pastor fazia questão de conferir. A Flordelis deve estar com amnésia”, alfineta Luana.
Ela conta que as igrejas sempre tiveram despesas altas, assim como também a manutenção da casa dos sogros, onde vivem até hoje a maioria dos filhos.
Das seis igrejas mantidas pelo casal de pastores Flor e Anderson, só duas existem no momento. Na principal, também em São Gonçalo, de 2 mil fiéis por culto, sobraram no máximo 200. E estas também correm o risco de fechar em breve.
Luana, que foi exonerada por Flordelis de seu gabinete após ela e o marido irem depor contra ela na polícia, diz que ainda se preocupa com a segurança de sua família. “Fomos ameaçados, tentaram nos comprar, hostilizados por defensores dela no Instagram, mas não desistimos. Medo eu tenho. Não vou mentir. Falo com meu marido que ele precisa de um carro blindado. Mas não temos condições para isso agora. É contar com Deus e a justiça dos homens”.
Fonte: IG
Créditos: IG