A internet foi à loucura nesta terça-feira (1) com o vídeo de um policial militar fardado dançando ao som de “Don’t stop the rock”, do grupo Freestyle, durante uma live beneficente. “Faça sua doação, estou aqui dançando para você. As crianças precisam dessa sua doação. Vamos lá!”, dizia, entre um passinho e outro, o PM.
Embora tenha viralizado nas redes sociais tendo como trilha o hit da dance music lançado nos anos 80, o vídeo original, transmitido na sexta (28), contou com acompanhamento ao vivo improvisado pelos Cabos Miquéias (bateria) e Ferraz (baixo) e pelos soldados Vieira (teclado) e Freitas (guitarra) –quatro dos 11 policiais que integram a Banda Regimental de Música do Comando de Policiamento do Interior 10 (CPI-10), responsável pela live Música que Alimenta.
Há 25 anos atuando na Polícia Militar na cidade de Araçatuba, interior de São Paulo, Vanderluis Duarte dos Santos, 46, não imaginou que seriam suas habilidades na dança que o alçariam ao reconhecimento nacional –e muito menos que seus cinco minutos de fama fossem ser impulsionados por ninguém mais, ninguém menos que o padre Fábio de Melo, que compartilhou o vídeo em seu perfil no Instagram, dizendo ter como meta de vida alcançar a “malemolência marota” do Capitão Duarte, como é conhecido.
“É uma dancinha normal que a gente faz desde criança, com os amigos, parentes, irmãos. Eu não pensei que fosse acontecer isso aí”, disse Duarte à Folha, que conseguiu uma brecha em sua concorrida agenda de entrevistas e passinhos gravados para a televisão nesta quarta (2). “Foi de última hora, porque eu fiquei muito preocupado de não ter atingido o público de uma maneira que tocasse o coração das pessoas” explicou o bem-humorado PM, que apostou na dança –hobby pessoal que já costumava praticar em confraternizações dos batalhões– como um diferencial em relação às lives já realizadas por CPIs de outras cidades.
O improviso parece ter dado resultado: até o fechamento deste texto, tinham sido arrecadadas quase 14 toneladas de alimentos não-perecíveis, que serão divididas entre dois projetos e três instituições de caridade de Araçatuba (SP) e região – além de R$ 14 mil que serão repassados a duas delas. O sucesso do passinho do capitão foi tamanho que o regimento até voltou a abrir para doações, que serão recebidas até 11 de setembro.
Casado há mais de 30 anos com a primeira namorada –que conheceu aos 16 e com quem teve dois filhos–, Duarte também viu ali uma oportunidade de mostrar que policiais militares também são gente como a gente. “Eu queria mostrar esse lado humano do policial militar, alguém que tem vida familiar, que tem sentimentos e que, quando está em horário de folga, gosta de fazer várias coisas diferentes, como qualquer outra pessoa” disse ele, que atualmente chefia o Gabinete de Treinamento de soldados do CPI-10.
Ao que tudo indica, sua missão também foi bem-sucedida. Classificado por um usuário do Twitter como um dos melhores da década, o vídeo agradou até quem costumava ter preconceito contra a polícia.
É claro que houve também quem levantasse policias da ficção que poderiam ter encarado a manifestação artística com menos empolgação.
Mas, de modo geral, o passinho do Capitão Duarte parece ter agradado a gregos e troianos –e também deixado uma reflexão.
Questionado se pensa em aproveitar a oportunidade para se alçar à carreira de apresentador, Duarte riu: “Não, eu gosto de servir na polícia militar, a minha paixão é cuidar das pessoas na área de segurança”.
Ficamos no aguardo dos próximos passos –ou passinhos.
o cara perdeu completamente o controle do próprio corpo, ele tá FLUTUANDO pic.twitter.com/sdEUqW3XpI
— moleta (@edilsonm) September 1, 2020
Fonte: Folha
Créditos: Polêmica Paraíba