O cenário de 2020 parecia ótimo para o casamento entre Fernando Alonso e as 500 Milhas de Indianápolis. O carro deste ano é bem diferente do ano passado, agora com a McLaren em equipe própria e com desempenhos promissores nas corridas anteriores. Não tem Bump Day, ou seja, sem chance de ficar fora do grid como em 2019, tudo caminhava muito bem. Mas um bicho papão da carreira do espanhol veio com tudo para frustrar os planos: a Honda.
O desempenho de Alonso no primeiro treino livre foi bem promissor. Mesmo com a vantagem clara dos carros da Honda, o espanhol foi o melhor Chevrolet do dia, à frente de qualquer Penske, o que poderia indicar que o bicampeão estava na briga, mas foi chegar o TL2 que as coisas começaram a sair do script: uma batida em um erro típico de piloto sem muita experiência. Fernando desceu muito na curva 4, encontrou o concreto e escorregou, danificando bastante a parte direita do carro.
Quando retornou, se viu pouco combativo, assim como a maioria dos carros de motor Chevrolet. Boa parte dos pilotos que não fazem a temporada inteira não andaram bem na classificação, e Alonso não foi exceção: um modestíssimo 26º lugar no grid de largada. Era quase que 2019 novamente.
Fernando também paga pela postura extrema que sempre teve na carreira, principalmente pela batalha que travou com a Honda em sua segunda passagem pela McLaren na Fórmula 1. A rixa fez com que acabasse a parceria com a Andretti, por exemplo, o melhor carro da classificação da Indy 500. Mais uma vez, está lá Alonso no lugar errado, ainda que não seja tão errado quanto o do ano passado, na aliança sem sentido com a Carlin.
Apesar da grande frustração no fim de semana, nem tudo parece estar 100% perdido para Alonso. Afinal, Indianápolis é um daqueles locais místicos do esporte, que permite recuperações e grandes histórias, que escolhe quem é seu vencedor. Em ritmo de corrida, o espanhol parece se aproximar de Andretti, Ganassi e outros favoritos. Se conseguir ganhar posições de cara e escapar de tomar volta do líder no início, ainda está na briga, por mais improvável que seja o triunfo.
O foco na Fórmula 1 a partir de 2021, onde voltará a vestir as cores da Renault, também aumenta o peso da presença do espanhol no Speedway. Afinal, se não conseguir esse ano, tentará apenas em 2023, quando terá quase completado 42 anos de idade.
Nomes como Emerson Fittipaldi, A.J. Foyt e Arie Luyendyk venceram nesta faixa de idade. Porém, todos disputavam a temporada completa da Indy, algo que, a cada dia que passa, se torna mais evidente como um requisito para vencer em Indianápolis e, pelo que pudemos observar nos últimos tempos, não é algo que esteja no radar de Alonso. Mesmo sem tudo perdido, a chance é pequena, e a participação de Fernando na Indy 500 é a tônica de boa parte de sua carreira: poderia ser melhor se fosse em outro momento e em outro lugar.
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Fonte: Grande Premio
Créditos: Grande Premio