Rubens Nóbrega

Potinho de Veneno mandou-me torpedo anteontem à noite dizendo que “a laranja tá saindo a R$ 200 na feira de Cruz das Armas”. Confesso que não entendi a mensagem nem me esforcei para entender. Afinal, naquele momento estava concentrado para assistir ao debate na TV Cabo Branco com os candidatos a prefeito de João Pessoa.

“Apurei que o custo está melhorzinho pouca coisa em Oitizeiro, Jardim Veneza, Cidade Verde, Costa e Silva, Esplanada, Funcionários, Mandacaru, Alto do Céu, Beira da Linha, Baleado… Mas a mercadoria é de primeira, orgânica mesmo”, emendou, explicando em seguida que “a laranja é a grande responsável pela inflação em alta, por estar bem mais cara para o consumidor do que o limão, o tomate e o chuchu”.

Ainda sem atinar com a razão de Potinho estar me repassando esse tipo de informação, antes que eu voltasse a minha atenção para a tevê ligada na minha frente ele me enviou uma segunda mensagem. “Soube que o BPTran acabou de guinchar um carro de Luciano Cartaxo que estava estacionado perto da Cabo Branco”, escreveu.
Em seguida, no terceiro torpedo da noite, elogiou o empenho do Batalhão de Trânsito da PM em fazer blitz noturna para apreender carros com emplacamento atrasado, a exemplo daquele que, “coincidentemente”, frisou, servia a um adversário do comandante-em-chefe da Polícia do Estado.

Desliguei o celular para poder assistir em paz ao debate e só voltei a ligar o bicho ontem pela manhã. Vi que ele remetera mais duas mensagens de texto já no começo da madrugada, a primeira delas para me perguntar se eu poderia acompanhá-lo a uma solenidade de encerramento de campanha eleitoral na manhã dessa sexta.
A segunda explicava que a tal solenidade seria a inauguração de um restaurante popular em Mangabeira, o mesmo bairro onde o então prefeito Ricardo Coutinho teria iniciado e abandonado a construção de outra unidade do mesmo gênero. A obra, orçada em quase R$ 600 mil, contava com financiamento do governo federal.

Água no chope da cartilha

O deputado Manoel Júnior denunciou, o Ministério Público Federal (MPF) começou a apurar e, com apoio da Controladoria Geral da União (CGU), identificou indícios de irregularidades na compra de cartilhas contra a dengue que o Governo do Estado pretendia fazer sem licitação, em véspera de eleição e por R$ 3,5 milhões, à Editora DCL – Difusão Cultural do Livro Ltda.
O pagamento já estava empenhado, mas foi sustado por recomendação expressa encaminhada na quinta-feira (4) pela Chefia da Procuradoria da República na Paraíba à Secretaria de Saúde do Estado. O MPF entrou na parada porque o dinheiro pertence ao Fundo Nacional de Saúde (FNS). Sem contar que mais cartilhas seriam compradas até o gasto chegar a R$ 12 milhões por um material que tem de graça no Ministério da Saúde.
E, como nada é tão ruim que não possa piorar, como diria o Barão de Itararé, circulou a informação de que o intermediário do negócio seria ninguém menos que o famoso Pietro Harley, apontado como provedor de suposto Caixa 2 de campanha de 2010 de Ricardo Coutinho, a partir de licitações armadas para aquisição de livros didáticos, pela Prefeitura da Capital, a preços superfaturados.

Pra acabar de completar…

Pietro foi preso anteontem à tarde pela Polícia Federal em uma fazenda no município de Taperoá e levado para o presídio do Serrotão, em Campina Grande. Ele foi flagrado na posse de espingardas calibre 12 sem registro e de farta munição. Além disso, uma das armas teria sido adulterada.
Em razão dos rolos grandes em que se meteu, é possível que a Pietro venha a ser oferecida a delação premiada e a chance de ingressar em programa de proteção a testemunhas de alto risco.

Vou de Neno pra vereador

Se mais nenhum motivo houvesse pra votar em Neno Rabello bastar-me-ia o fato de ele encarar com humor problemas como a cegueira, que pra muitos outros seria uma tragédia definitivamente incapacitante.
Pra vocês terem uma ideia, ele é capaz de adotar “Faz o bem sem ver a quem” como slogan de uma campanha de modestíssimos recursos, mas riquíssima em colaboração espontânea de muitos amigos que conquistou ao longo da vida.
Cada um dá um pouquinho. Um santinho aqui, um adesivo acolá… E todos contribuem de bom grado, com muito gosto, porque sabem da capacidade de trabalho de Neno, da sua inteligência, do seu querer-bem a nossa cidade e da sua integridade.
Soube ontem que ele recusou pelo menos três ofertas para mudar de lado na atual campanha. Ofereceram dinheiro, empregos, benesses várias. Rejeitou tudo. Na lata, numa boa. Porque Neno é homem de palavra e está fechado com Luciano Cartaxo.
Soube também, graças a uma mensagem do colega Gerardo Rabello, irmão dele, que o nosso Neno, com cegueira, diabete acentuada e tudo o mais, está concluindo aos 58 anos – e com boas notas – o seu segundo curso superior. Vai ser Doutor Advogado.
Saibam ainda que já tive o privilégio de colaborar profissionalmente com o Neno empresário, produzindo textos para a revista A Semana, que ele fundou e mantém como um fenômeno de longevidade entre os semanários da imprensa paraibana.
Por essas e outras, acabou a indecisão. Tenho candidato a vereador e com muita certeza de ter feito uma boa escolha amanhã vou digitar na urna eletrônica o nº 23698.