Um grupo de voluntários organizados por Venu Manikavasagar, um médico britânico de origem indiana, tem se dedicado a combater a desinformação entre as comunidades de estrangeiros no Reino Unido da maneira que consideram mais eficaz: com imagens e mensagens gráficas e com dados corretos sobre a Covid-19 que são distribuídos em grupos de aplicativos de mensagens.
As comunidades de estrangeiros no Reino Unido foram mais afetadas pela Covid-19, de acordo com um documento do governo do país.
A taxa de infecção entre as pessoas negras foi a mais alta, e entre as brancas, a mais baixa.
Além dos fatores socioeconômicos, os estrangeiros têm mais dificuldade com informação, acredita o médico. Eles têm mais propensão a receber e distribuir histórias falsas por aplicativos de mensagem –muitos deles não falam inglês, e os textos que chegam em suas línguas nativas são mais fáceis de compreender. São informações com as quais os estrangeiros se sentem mais seguros, diz o médico.
Manikavasagar estava no último ano da faculdade de medicina na cidade inglesa de Newcastle, perto da fronteira com a Escócia, quando a Organização Mundial da Saúde decretou que a Covid-19 era uma pandemia.
No Reino Unido, a graduação dos estudantes de medicina se acelerou, e os novos médicos foram empregados no combate à doença.
Foi assim que ele passou a trabalhar em uma ala de pacientes de Covid-19. Ele pretende, no entanto, começar a residência médica em geriatria.
Ele e sua família são tâmeis, um grupo étnico com origem na Índia e Sri Lanka.
Paralelamente ao trabalho, Manikavasagar começou a receber mensagens de celular de seus próprios parentes com informações falsas.
Entre as mais prejudiciais sobre Covid-19 que circularam na comunidade tâmil no Reino Unido estão a minimização da gravidade da doença.
“Outros aspectos de desinformação que são nocivas são falsas terapias. Na comunidade de pessoas do sul da Ásia há recomendações para que se use mel ou cúrcuma para curar o vírus. Para muita gente, isso é algo que trouxeram do Sri Lanka, do sul da Índia. Havia quem tomava essas coisas e saía para a rua. Mas a orientação científica é esperar os ensaios robustos para checar se há evidências de eficácia”, explica.
A ideia do Covid-19 Graphics era usar a mesma forma de divulgação das informações falsas: pelas correntes, conta Manikavasagar.
“A inspiração veio da forma como as histórias falsas são distribuídas. Eu recebia mensagens [com dados errados] de meus parentes e precisava gastar tempo para desmentir. A ideia era fazer um sumário do que é a Covid-19 na língua Tâmil e mandar por WhatsApp. Eu soube que chegou até Singapura”, relata.
Seus amigos, então, pediram para que as imagens e gráficos fossem traduzidos para outras línguas. Agora, há informação em 40 idiomas diferentes para serem baixadas e distribuídas. Há slides em português, inclusive.
As imagens estão disponíveis para baixar no site do grupo; é só selecionar a língua e escolher um tipo de informação –prevenção, explicação do que é, proteção etc.– e clicar para baixar.
Fonte: G1
Créditos: G1