Parei para analisar as posturas do governador João Azevedo; dos ex-governadores Ricardo Coutinho, Cássio Cunha Lima e José Maranhão e dos prefeitos das duas maiores cidades paraibanas Luciano Cartaxo e Romero Rodrigues. Num período como este em que estamos batendo na porta de uma nova eleição, dentre este grupo que em tese deveriam estar as maiores lideranças políticas da Paraíba em decorrência dos cargos que ocupam ou já ocuparam, poucos se destacam dos demais por assumirem publicamente seus anseios políticos. Aparentemente os grandes generais da política paraibana temem e evitam a todo custo falarem abertamente seus comandos.
Este silêncio sepulcral em que estas figuras se colocam lhes garante um ainda que passageiro apagamento diante das figuras daqueles que não temem se posicionar e falarem. Ricardo Coutinho e José Maranhão são a prova viva do que digo. O senador, apesar de neste ano ter optado ficar de fora da disputa pela prefeitura da Capital e ungir o comunicador Nilvan Ferreira como o seu indicado. Maranhão verdadeiramente é exemplo de que aqueles que largam primeiro podem não terminarem a corrida como os vencedores, mas são os que possuem mais força em seu início. Todas as disputas recentes de José Maranhão para um posto no executivo ele foi um dos primeiros candidatos a apresentar-se e exatamente por colocar o nome na rua primeiro ele possui uma tendência de liderar pesquisas com larga vantagem.
Quem vive efeito semelhante é o ex-governador Ricardo Coutinho, que na pesquisa eleitoral contratada pelo Sistema Arapuan de Comunicação liderava as intenções de voto. Até onde vai o meu conhecimento esta é a única estimativa oficial de como deverá se comportar o eleitorado em alguma cidade paraibana. E mesmo de modo não oficial o programa Arapuan Verdade, pertencente ao sistema que contratou a primeira pesquisa, fez uma enquete ao vivo em que foram ouvidas as opiniões de 100 ouvintes diferentes e estes novamente apontaram o nome de Ricardo a frente na disputa.
O que poderia explicar o fato de que o ex-governador, que vem vive um verdadeiro inferno astral desde a deflagração da Operação Calvário, estar liderando até com uma certa folga em relação aos seus adversários? É apenas a imagem de bom gestor que Ricardo construiu ao longo do seu tempo como prefeito de João Pessoa e governador do estado, que lhe garantem um destino diferente do que foi garantido ao Partido dos Trabalhadores em todo o Brasil após uma operação da Polícia Federal? Dificilmente. A meu ver, um dos grandes fatores para Ricardo estar tão forte na disputa pela Prefeitura de João Pessoa, é o fato de que mesmo em 2019 quando ele havia deixado o governo do estado todos em João Pessoa já sabiam que ele era candidato. Apesar dele mesmo estar dentre o grupo daqueles que ainda não assumiram publicamente a própria pré-candidatura, também é público para todos que se depender apenas de Ricardo ele é candidato.
Já do outro lado da disputa é necessário questionar quem é o candidato de Luciano Cartaxo, pois até o momento o prefeito da Capital possui quatro nome nomes à disposição e ainda não mostrou nenhum em definitivo. A espera por um nome faz com que o eleitorado vá avaliando outras opções no lugar de ser fidelizado. Em Campina Grande a realidade não diverge, Romero possui dois pré-candidatos e não oficializa nenhum dos dois. A indecisão do prefeito faz com que ambos disputem votos tanto internamente quanto dentre o povo, a ausência de um nome apenas permite que a oposição ganhe volume. Cartaxo e Romero agem de formas tão semelhantes que começo a acreditar que eles são gêmeos.
O mesmo questionamento pode ser feito acerca do governador João Azevedo, que apesar de ser compreensível seu foco estar voltado para a administração do estado durante a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, tem capacidade e estrutura para já ter apresentado o seu ungido, mesmo que neste momento este tivesse de estar fazendo sua pré-campanha de forma solitária enquanto o governador preocupa-se com a saúde do povo.
Talvez até por isso ainda não estejamos vendo pesquisas desabrocharem diante de nossos olhos mostrando as tendências eleitorais por toda a Paraíba. Pois para o povo resta na realidade o grande questionamento: “Quem são os indicados de nossos generais?”. Apenas Ricardo e Maranhão partem na frente, um sob a certeza de que deverá ser o candidato e o outro pela coragem de apresentar o seu escolhido. Não há nenhuma prova de que, caso Ricardo seja realmente o candidato, ele e Nilvan estarão presentes no segundo turno disputando o poder de segurar a caneta em 2021, mas se há uma coisa que posso dizer é que eles são candidatos e que o povo já conhece os seus nomes.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba