Quintans e a luta pela transposição

Paulo Santos

O Cariri paraibano teve grande prejuízo, a partir de 2010, quando não reelegeu os deputados estaduais Francisco de Assis Quintans (DEM) e Carlos Batinga (PSC) para novos mandatos na Assembleia Legislativa da Paraíba. Não que o deputado João Henrique (PSDB), único representante caririzeiro na Casa Epitácio Pessoa, não cumpra com suas obrigações ou não lute por sua região. Ao contrário.

É incomparável, entretanto, quando há três brigando por algumas causas. É que Quintans e Batinga davam ênfases mais técnicas ao exercício dos mandatos. Para a sorte do Cariri e do povo paraibano o deputado do DEM foi aproveitado como suplente, na Assembleia, podendo exercitar um pouco sua competência no trato de assuntos com os quais tem mais intimidade.

Um deles é a irrigação. Com a experiência de quem já exerceu vários cargos no Estado, incluindo o de secretário da Agricultura, Quintans vem se dedicando agora a abrir os olhos de todos – especialmente dos políticos – para um crime que vem sendo cometido pela burocracia de Brasília: o descaso com o projeto de transposição de águas do Rio São Ferancisco para áreas secas de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.

Quintans idealizou e o presidente da Assembleia, Ricardo Marcelo, encampou a ideia de uma caravana para “inspecionar” o estágio atual das obras no Alto Sertão, no que foi coadjuvado pelo Tribunal de Contas e por representantes do Ministério da Integração. O resultado dessa incursão é um relatório que, além de ser escrito para a posteridade, vem sendo constantemente verbalizado por Quintans.

Além da tribuna da AL, tem peregrinado por estúdios de rádio e TV para mostrar o descaso com que a transposição vem sendo tratada pelo Governo Federal. Daqui a pouco essa obra poderá se constituir na maior mentira da Era Dilma. A Presidenta, empolgado, há pouco menos de um ano anunciou as primeiras inaugurações para 2012.

Com o cuidado e a fineza de trato que lhe é peculiar, Quintans vem procurando denunciar, usando eufemismos, que há atrasos consideráveis não apenas das obras, mas até de trechos que ainda precisam ser objeto de licitação. Outra constatação: se ainda não passa água pelos canais, está passando muito dinheiro. Pois o custo inicial praticamente já duplicou.

Deputados federais e senadores dos quatro Estados nordestinos mais interessados na obra, talvez mais preocupados com suas contas bancárias e com seus mensalões, fazem ouvidos moucos para os alertas de Quintans e outros caravaneiros, sem que nenhum dos ínclitos “representantes do povo” resolva abrir o jogo e despertar o Brasil para a gravidade da situação.

A falta de respeito dos parlamentares com seus representados do Nordeste não tem limites. Se há um custo para fazer a obra da transposição, custo maior é manter parasitas travestidos de mandatários de mandatos medíocres e insignificantes, eleitos somente para fazer o jogo dos seus interesses particulares.

Que Dilma e seu paulistério não têm interesse em tirar o Nordeste do atraso secular todos nós sabemos. Pior é ver o esforço de alguns, como Quintans, lutando quixotescamente contra miolos de vento e nossos deputados federais e senadores mais preocupados com outra eleiçãozinha que em nada irá melhorar as condições de vida da população nordestina.

DESRESPEITO COM CLIENTES
Ninguém pode – nem deve – ser contra o legítimo e constitucional direito de greve. O que não se pode – nem se deve – aceitar é que os insignes bancários (sobretudo das instituições públicas BB e Caixa) prejudiquem a população com sua paralisação há mais de uma semana, impedindo que as pessoas tenham o direito de fazer depósitos em caixas eletrônicos e na “boca” dos caixas. Os bancários tentam, a todo custo, angariar o apoio da população para seus movimentos paredistas, mas não titubeiam em prejudicar esse mesmo povão (que, a rigor, é quem paga seus salários). Nesta terça-feira (25), por exemplo, as agências do Banco do Brasil chegaram ao caos absoluto. Tudo isso é fruto, também, da impunidade. Passada a greve, quaisquer punições aos sindicatos ou confederações são totalmente esquecidas, arquivadas ou prescrevem.