Em entrevista à rádio Brasil de Fato nesta quarta-feira (20), o ex-presidente Lula pediu desculpas a quem se sentiu ofendido com a frase “infeliz”, segundo ele próprio, que disse ao defender um Estado forte para comandar a crise econômica e a pandemia do coronavírus.
“Eu, na verdade, em vez de falar a palavra ‘ainda bem’ se tivesse falado a palavra ‘infelizmente’ não teria nenhum problema. Eu tentei explicar que, depois de tanto desprezado, o SUS, desde sua constituição em 1988, é no auge de uma crise que a gente descobre a importância de uma instituição pública. Foi isso que eu tentei dizer em uma frase totalmente infeliz, uma frase que não cabia”, disse Lula, se desculpando.
“Se alguma pessoa ficou ofendida, se um dos 210 milhões de brasileiros se sentiu ofendido, todo mundo sabe que eu acho que a palavra desculpa foi feita para a gente utilizar com toda humildade, porque eu sou um ser humano movido à coração e sei o sofrimento que causa a pandemia, sei o sofrimento que causa a pessoa ver seus parentes enterrados sem poder sequer acompanhar”, disse Lula, que foi impedido pela Polícia Federal de acompanhar o velório do irmão, Vavá, quando esteve preso injustamente pela Lava Jato.
“Eu queria mostrar que o Estado, o Estado, e somente o Estado é capaz de resolver problemas graves que o mercado nunca vai resolver”, afirmou o ex-presidente, lembrando a crise de 2008 e que 68% dos leitos do SUS foram construídos em sua gestão e na de Dilma Rousseff.
Lula, apesar de se desculpar, criticou duramente alguns veículos de comunicação por deturparem a sua fala.
“Eu não posso aceitar a má fé de quem, a partir daí, achou que eu estava comemorando a pandemia”, disse Lula. “Embora eu esteja pedindo desculpas ao povo que se sentiu ofendido, eu não dou o direito de nenhum mau caráter, de má fé, que há 10, 15 anos só falam mal de mim tirar proveito de uma coisa que eles sabem o que eu queria falar.
A frase
Na frase, que deu margem às críticas, Lula buscava alertar Bolsonaro sobre a importância de um Estado forte para conter o avanço da crise econômica.
“O que eu vejo? Quando eu vejo essas pessoas acharem que tem que vender tudo que é público e que tudo que é público não presta nada… Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem, que os cegos comecem a enxergar, que apenas o estado é capaz de dar solução a determinadas crises.”
Fonte: Revista Fórum
Créditos: Revista Fórum