Há exatamente um ano atrás o Brasil saía às ruas das principais cidades para lutar por uma educação pública de qualidade. Naquela oportunidade escrevi esse texto que continua atual:
Darcy Ribeiro já dizia: “A crise na educação no Brasil, não é uma crise; é um projeto”. Esta verdade tem se evidenciado muito mais nesse governo que se iniciou há pouco mais de quatro meses. O ataque à educação pública tem se mostrado de forma explícita. Percebe-se claramente a intenção em elitizar o ensino superior em nosso país. Querem acabar com a educação gratuita, de qualidade e plural.
Já não se tem mais dúvidas de que a educação pública deixou de ser prioridade desse governo. Teimam em ignorar que ela representa inclusão social, soberania e democracia. Implementa-se, deliberadamente, o desmonte da educação pública. E estão tentando fazer isso em ritmo acelerado. O corte orçamentário de trinta por cento na educação demonstra bem o que estamos afirmando. Precisam compreender que educação não é gasto, é investimento.
O cenário, portanto, é dos mais sombrios. As universidades e os institutos técnicos federais estão seriamente ameaçados de serem inviabilizados. Sem falar no abandono aos investimentos em ciências, pesquisa e extensão. E os cortes não se restringem apenas ao ensino superior, alcançam também a educação básica e o ensino médio. O governo, ao que se depreende, quer se livrar da responsabilidade do Estado na educação.
Professores são atacados e acusados de disseminarem o “marxismo cultural”. Adota-se uma política a serviço da guerra ideológica provocada pela extrema direita. Não se vê qualquer projeto positivo voltado para essa área. Só se fala em sucatear o ensino público. Como se pensar num país que busque o desenvolvimento das forças produtivas, a diminuição das desigualdades sociais, a redução da violência e a melhoria das condições de saúde, aplicando asfixia financeira à educação? Como produzir ciência e cultura, com essa visão não humanista, que ataca cursos como sociologia e filosofia? A Escola Sem Partido, que defendem, na verdade é uma maneira de censurar e perseguir professores que não rezam na cartilha ideológica dos que estão no poder.
Não podemos permitir esses retrocessos sem luta. A sociedade começa a ficar de olhos abertos, ainda que a mídia corporativa se encarregue de colocar cortinas de fumaça com o objetivo de enganar a opinião pública. O que estão fazendo é um ataque aos fundamentos da soberania do povo brasileiro. Ao projeto privatizante interessa fragilizar as estruturas do ensino público brasileiro. É preciso reagir, enquanto é tempo.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão