Fico me perguntando o que o presidente da república e seus filhos vêem no personagem Olavo de Carvalho para tê-lo como guru. Pelo que aprendi, o guru é alguém que tendo um conhecimento acima dos normais torna-se um guia para a nossa forma de viver e de entender as coisas do mundo. Ganha admiração, respeito e reverência por sua condição de sabedoria extraordinária. Por isso, torna-se um orientador de procedimentos e de percepção dos valores da vida.
Aí reside o meu questionamento. Como uma pessoa tresloucada pode alcançar essa posição de guru? Mais preocupante ainda quando o seu mais apaixonado seguidor tem em suas mãos a responsabilidade de dirigir uma nação. O desvario é característica evidente do guru do presidente. Suas teorias delirantes são suficientes para atestar suas elucubrações disparatadas. Seus conceitos propõem uma regressão cultural que perigosamente vem sendo aceita pelo chefe da nação, seus pupilos e boa parte dos seguidores que estão no governo.
Não bastassem suas alucinações publicadas diariamente através das redes sociais, o autoproclamado ideólogo ou filósofo (está em voga essa coisa das pessoas de autoproclamarem alguma coisa), usa de uma linguagem chula, desrespeitosa, de baixo nível para atacar quem ele vê como contestador do seu ideário político e filosófico. E o faz de maneira grosseira, insultuosa, como se e fosse o dono da verdade e um indivíduo com autoridade para distribuir ofensas à vontade, desconsiderando princípios de civilidade e de polidez.
Essa exagerada deferência do chefe da nação e família ao “guru” (deles) Olavo de Carvalho, nos leva a constatação de que o país está vulnerável à execução de idéias e sugestões administrativas que afrontam o racional, o bom senso e o equilíbrio emocional. Assusta-nos ver a quem o presidente está tomando como fonte inspiradora do seu governo. Mesmo morando fora do Brasil vive a todo instante denegrindo imagens de autoridades do próprio governo e adversários políticos, criando um clima de “fogo amigo” e de tensão institucional, com aplausos públicos desses seus mais importantes seguidores.
Muito perigosa essa situação alimentada pelo guru político do presidente. Ele é um fomentador de brigas. Um incendiário, articulador de cizânias. O que mais estamos precisando nesse momento de gravidade política por que passa o país é de propagadores da paz, germinadores da concórdia, amenizadores de conflitos ideológicos, conciliadores. O ideólogo do presidente se coloca em posição totalmente diversa disso que o Brasil precisa no momento atual. No mais é torcer para que o chefe da nação, o quanto antes, entenda isso, e minimize a influência do seu “guru” nas decisões que digam respeito ao futuro do Brasil. E conter seus filhos na entusiasmada defesa pública das idéias do seu guru.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Rui Leitão