No Dia Mundial do Trabalho, comemorado neste 1º de maio, o clima deveria ser de celebração, mas é de incerteza. Em todo o Brasil, milhões de trabalhadores estão ameaçados de perder seus empregos, principalmente devido às consequências da pandemia de COVID-19. Conforme a psicóloga Mônica Costa, gerente de Recursos Humanos da Ecos (Espaço, Cidadania e Oportunidades Sociais), a possível demissão em massa de trabalhadores é um cenário catastrófico, afeta o equilíbrio psicológico dos colaboradores e gera doenças psicossomáticas.
“Quando um colaborador de uma empresa é pressionado de alguma forma por condições que a gente chama de condições catastróficas, ele pensa: ‘Vai acontecer alguma coisa que vai mexer no meu equilíbrio’. Isso gera uma doença coletiva. Esse adoecimento vai do nível altíssimo de estresse até doenças psicossomáticas mais severas, como hipertensão, síndrome gastrointestinais ou outras doenças mais sérias”, explica a psicóloga Mônica Costa, gerente de Recursos Humanos da Ecos.
Mesmo compreendendo a necessidade do isolamento social como medida de prevenção do coronavírus, os trabalhadores estão assustados. Quem tem emprego teme pelo futuro. Quem ainda não conseguiu retornar ao mercado de trabalho, mais ainda. Como resultado, prejuízos na saúde mental.
“Para que o trabalhador possa ter resultados bons, ele precisa de um ambiente salutar. Ele não pode trabalhar bem sob ameaça. As pessoas me procuram muito. As pessoas me mandam mensagens, me pedindo segurança. Segurança essa que eu também não posso dar, porque eu estou na mesma situação que eles”, diz a psicóloga Monica Costa.
Em João Pessoa, o analista de RH Daniel França tem procurado manter o equilíbrio psicológico mesmo diante do cenário adverso, mas está difícil. “Na verdade, essa instabilidade mexeu com a gente. Se você não tiver uma cabeça boa, realmente você não trabalha”, declara. Perder o emprego tem se tornado algo tão assustador para Daniel, que ele não se programa mais para o futuro. “Com relação à minha vida pessoal, não faço mais planos. Coloquei o pé no freio. Se você me perguntar o que vou fazer daqui a um mês, não sei. A gente tem de viver um dia de cada vez”, afirma, sem esconder a apreensão.
Cartilha da Fiocruz aborda o tema
Irritação, medo, angústia ou tristeza e comportamentos como apetite em excesso, insônia e conflitos na família e no trabalho são consideradas como reações “normais” em uma situação “anormal”, como a pandemia de COVID-19. É o que aponta a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz – Gerência Regional de Brasília), numa cartilha sobre saúde mental. Entre os medos citados na publicação, está, justamente, o de perder os meios de subsistência ou não poder trabalhar durante o isolamento e ser demitido.
Conforme a cartilha publicada pela FioCruz Brasília, durante uma pandemia é esperado que estejamos frequentemente em estado de alerta, preocupados, confusos, estressados e com sensação de falta de controle frente às incertezas do momento. A estimativa é que de um terço à metade da população exposta a uma epidemia pode vir a sofrer alguma manifestação psicopatológica, caso não seja feita nenhuma intervenção de cuidado específico para as reações e sintomas manifestados. “Reconhecer e acolher seus receios e medos, procurando pessoas de confiança para conversar” é uma das dicas sugeridas pela publicação coo estratégia de cuidado psíquico.
Fonte: Parlamento PB
Créditos: Parlamento PB