A Paraíba acima da lei

Amadeu Robson

Por mais que tudo aconteça na Paraíba é como dizer que a culpa morreu solteira. A culpa, ou, mais propriamente, a responsabilidade por tudo que nos tem acontecido.
Podem cometer as maiores estripulias, as mais refinadas leviandades, os erros mais crassos; podem provocar os mais elevados prejuízos para o erário público que não acontece nada. Sobretudo, se for alguém do governo ou da alta administração, porque, como dito pelo Ministro Joaquim Barbosa, se os pequenos barnabés “meterem o pé na argola”, sofrem as devidas conseqüências.

É o que se chama “justiça” e “igualdade perante a lei”.

Muitas vezes me pergunto, por que se avoluma ainda mais neste Estado a convicção da impunidade, o sentimento de que ninguém, sobretudo nas altas esferas da decisão, não são imputáveis pelos seus atos, decisões e omissões? Enfim, a certeza da irresponsabilidade por parte de alguns que decidem, não tem a visão ética e moral no sentido de defender os interesses da comunidade; dos servidores públicos, não contabilizam os prejuízos e danos colocados sobre os lombos dos paraibanos.

Começo a acreditar que estamos num Estado cada vez mais céptico, mais descrente, mais desorientado, sem saber muito bem em quê ou quem confiar; um Estado (povo) que duvida de tudo, dos políticos, da justiça, da escola, da própria religião, da própria sombra, se tal for possível. Um Estado com dinheiro, mais sovina e egoísta que desmantela e flagela muitas famílias. Uma pena meu governador te ver com duas faces. Uma, desde quando engatinhava no anda-já político; a outra, quando atualmente flutua nas nuvens em potentes aeronaves, chicoteando teus governados. Uma pena meu governador do tempo que te conheci ainda criança em Jaguaribe, hoje, transformado em um adulto poderoso, insensível e autoritário. Uma pena!

Infelizmente, não tenho como deixar de dizer aos Poderes que, o nosso povinho espera e exige justiça e responsabilidade. Doa a quem doer. Porque ninguém pode estar acima da lei; porque a Paraíba não deve assemelhar-se a uma República das Bananas; porque a imoralidade, a impunidade e a injustiça constituem os mais sérios perigos que ameaçam o sistema democrático e minam a credibilidade das instituições que todos temos a obrigação de defender e preservar.