Depois de mobilizações em prédios e condomínios, em que moradores colavam bilhetes no elevador e corredores oferecendo ajuda para idosos e pessoas em grupos de risco, agora a solidariedade se volta também a vítimas de violência doméstica.
A mensagem agora não traz a proposta de ir ao mercado ou farmácia, mas para ceder o próprio apartamento para mulheres que sofrem com agressões e não tem para onde escapar.
“Se precisar de ajuda, corra para cá. Apartamento 602. Você não está sozinha Pode gritar, pedir socorro, a gente abre a porta para você.”
O bilhete tem sido compartilhado nas redes sociais e já começa a ser replicado. Faz um alerta também aos possíveis agressores — “Você não vai se esconder atrás da covid-19. Estamos de olho e chamaremos a polícia.”
Violência doméstica aumenta durante quarentena
A mobilização parte de dados e da análise de especialistas afirmando que o período de confinamento vai aumentar os casos de violência doméstica.
A advogada Gabriela de Souza, do escritório Advocacia para Mulheres, explica que os fatores que levam ao aumento de violência são o maior tempo de convivência e a sobrecarga de estresse em um momento de insegurança, como o que vivemos, fazendo com que a tensão se intensifique.
Além disso, pontua, a rede de apoio que poderia acolher essa mulher está parada, o que faz o agressor ter certeza da impunidade. Por isso, oferecer abrigo próximo pode ser de grande ajuda neste momento.
“A mulher não pode ir para a casa de alguém, da mãe, por exemplo, como costuma acontecer. Não consegue falar com uma amiga para pedir ajuda, justamente porque não está em segurança para fazer uma ligação na mesma casa que o seu agressor está. Ele pode ouvir e a situação ficar pior”, diz.
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos registrou um aumento de 17% nas denúncias feitas ao 180, número do governo federal que presta atendimento a mulheres vítimas de violência. Foram 829 nas duas primeiras semanas do mês, contra 978 na última semana, quando foi instaurado o distanciamento social em grande parte do país.
A ministra Damares Alves disse, em nota, que o aumento de denúncias é decorrência do confinamento, que abriga vítimas a conviverem de forma mais intensa com seus agressores.
“Pela nossa experiência, sabemos que o agressor é, na maioria das vezes, uma pessoa da família ou então muito próxima. Por isso, durante a quarentena, estamos reforçando os mecanismos que ajudam essas mulheres a denunciar”, afirmou.
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Fonte: UOL
Créditos: Polêmica Paraíba