Muito estranho alguém achar que só ele está certo na defesa de suas posições, quando o mundo inteiro pensa o contrário. Imagino que seja um surto de insanidade mental. Principalmente quando a pessoa está investida de autoridade para tomar decisões que podem repercutir coletivamente. A teimosia em não enxergar o óbvio ou o que mostra a ciência, ameaça causar danos irreversíveis para muita gente. A irresponsabilidade rompendo os limites do bom senso.
Apostar no conflito não é atitude de quem assume condição de liderança. Ele tem a obrigação de ser elemento promotor da concórdia, da solidariedade fraterna. Muito mais quando seus comandados se vêem diante de uma crise que precisa de uma voz de controle da situação, que dê tranquilidade para o enfrentamento de suas consequências. O líder tem que dar o bom exemplo. Revelar-se capaz de conduzir seus liderados com a serenidade e a firmeza que o seu cargo impõe. Não pode causar dúvidas, nem incertezas no caminho a percorrer.
Ao líder não é facultado fazer ouvidos moucos ao que dizem seus assessores, principalmente quando no trato de questões que merecem análise técnica. Não dar prevalência ao “achismo”, guiado por enciumadas de protagonismo ou para atender conveniências políticas pessoais. Nesse momento não cabe a postura do “eu posso, eu quero, eu mando”. Nem os ditadores em tais circunstâncias agem assim. A pandemia do coronavirus tem demonstrado isso. Vemos nações que vivem sob o jugo de governos absolutistas, se curvarem às evidências dos ensinamentos da ciência e adotarem políticas públicas sanitárias concernentes às exigências da doença, sem influências ideológicas.
O vírus é um inimigo real e invisível que amedronta todo o planeta. A luta prioritária é salvar vidas. As preocupações com os prejuízos econômicos inevitáveis são compreensíveis, mas deverão ficar em segundo plano. Para que essa guerra seja vencida, é necessária união de esforços. Nessa batalha os soldados estão no mesmo pelotão de combate, mesmo que ainda persistam diferenças ideológicas ou partidárias. Se o chefe não aparentar calma na administração do problema, instala-se o clima de pânico. Correrá o risco de no futuro ser apontado como “fiador da morte”.
Pronunciamentos dúbios e contraditórios produzem instabilidade emocional coletiva. Há que se ter unidade de pensamento na equipe de governo, inspirando confiança nas suas orientações. A população fica na expectativa de receber a informação correta e sem incongruências. Ainda há tempo de corrigir essa falha de personalidade do presidente da república. Tomara que seus ministros consigam conter seus impulsos nervosos e o faça tomar consciência de que deve se comportar na impessoalidade que o exercício do cargo requer. Não é hora de autoritarismos, egocentrismos, vaidades pessoais, radicalismos. Um governante responsável tem que estar conectado com a realidade, abandonando seus delírios autocráticos e ausentes de sensatez. Do contrário seremos tragados por uma tragédia agigantada, sem precedentes na nossa História.
Rui Leitão
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Rui Leitão